Ganhos chegaram a R$ 2,4 bilhões mesmo em meio à crise provocada pela pandemia do coronavírus
Ricardo Campos Jr
Unidades de franquias em Mato Grosso do Sul faturaram R$ 2,452 bilhões em 2020. Segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), a pandemia fez com o que o setor repetisse os resultados de 2019, mesmo diante da crise econômica causada pelas medidas restritivas impostas pelo governo no intuito de frear o contágio pela Covid-19.
Os números foram puxados pela alta de 114% nos ganhos das empresas que atuam no segmento de comunicação, informática e eletrônicos, que juntas ganharam R$ 149 milhões durante o ano passado no Estado.
Também tiveram resultados positivos, contrariando as expectativas, as franqueadas no ramo de moda (13%), limpeza e conservação (11,1%) e serviços e outros negócios (4,2%).
“O que nós percebemos é que estamos diante de uma nova realidade, com substituição natural e reinvenção de alguns segmentos. Vamos pegar como exemplo beleza e bem-estar. Muitas passaram a atender por delivery ou passaram a vender pela internet”, disse ao Correio do Estado a diretora regional da ABF, Claudia Vobeto.
Com isso, as perdas sentidas em outras áreas não foram capazes de afetar os resultados finais. Com as viagens prejudicadas por conta do novo coronavírus, o ramo de hotelaria e turismo, por exemplo, registrou deficit de 41,1% no faturamento, o maior na realidade sul-mato-grossense.
Já entretenimento e lazer amargou queda de 38,8%, e serviços automotivos fechou 2020 com 11,8% a menos nos ganhos.
“Nesses setores em que observamos queda, ela se deve à redução de demanda. Porém, temos uma perspectiva muito positiva para 2021. Nós acreditamos que a vacina será um divisor de águas".
"Não haverá um crescimento de dois dígitos, mas acreditamos em um cenário mais estável se formos comparar com 2019, por exemplo. Para quem sobreviveu, acreditamos será um momento de retomada”, afirmou Claudia.
Esses resultados reforçam as vantagens desse modelo de negócio. O investimento permite às empresas terem acesso a um suporte que inclui, por exemplo, marketing, produtos padronizados e, dependendo do ramo, até mesmo mão de obra.
PREFERÊNCIA
Conforme a ABF, o número de unidades franqueadas em Mato Grosso do Sul cresceu 6,5% ano passado, saltando de 2.297 em 2019 para 2.446. O setor que mais despertou interesse dos empresários interessados em investir no franchising foi o de comunicação, informática e eletrônicos.
Felipe Palmeira é sócio da Arte Filmes em Campo Grande. A empresa faz parte de uma rede presente em todo o País.
Segundo ele, a necessidade da realização de eventos on-line em decorrência da pandemia e a realização de produtos publicitários audiovisuais em baixo custo são fatores que impulsionaram o segmento a obter os resultados apresentados.
“Era o tipo de serviço que vinha aumentando por conta das redes sociais. O número de reações, compartilhamentos e comentários é maior em vídeos que em fotos. Quando falamos em aumento durante a pandemia, é antecipar o que seria óbvio: as transmissões ao vivo pelas empresas”, afirmou Felipe Palmeira ao Correio do Estado.
Graças ao modelo de negócio, um material filmado em Campo Grande muitas vezes é editado em outras cidades, como Rio de Janeiro, Brasília, assim como editores da Capital já foram responsáveis por finalizar campanhas de outros centros.
Na área da saúde, a demanda por tratamentos dentários aumentou na clínica do cirurgião-dentista Diogo Coelho. O local atendia pela marca Oral Sin até meados do ano passado. Empreendedor, o profissional, mestre em implantodontia, decidiu criar a própria marca dentro do nicho de franchising.
Por questões contratuais, ele tem que esperar um tempo de carência até disponibilizar o negócio no mercado, mas todo o background já está pronto, incluindo a concepção da logomarca, o padrão arquitetônico dos consultórios e até o padrão de atendimento aos clientes.
“Em 2020, nós tivemos de reorganizar a clínica para atender as medidas de biossegurança e nos surpreendemos. Batemos recorde de atendimentos e, com essas mudanças, passamos a atender mais e faturar mais”, disse Coelho em entrevista.
O periodontista acredita que o tempo passado dentro de casa em razão das medidas de isolamento fez com que as pessoas se preocupassem mais com aqueles tratamentos que às vezes eram deixados de lado em meio às rotinas apertadas.
Nos dados fornecidos pela ABF, o ramo de saúde e bem-estar teve um crescimento tímido de 0,3%. O faturamento do ramo ano passado foi de R$ 537 milhões somando todas as unidades sediadas em Mato Grosso do Sul. Contudo, o porcentual de participação é um dos mais altos: 21%.
“Para o ramo da odontologia, o interessante em apostar em franquias é que o modelo vem pronto na parte contábil, administrativa e jurídica".
"Futuramente, quem investir em nossa marca terá os funcionários treinados por nossa equipe e será orientado até mesmo sobre como proceder para obter a autorização dos órgãos públicos sanitários e administrativos. E o preço, quando trabalhamos em quantidade, podemos cobrar valores mais acessíveis dos clientes”, completou Coelho.
Com informação do Correio do Estado
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