quarta-feira, 12 de maio de 2021

Andifes diz que universidades públicas brasileiras estão “em colapso” após corte no orçamento

 


Com corte no orçamento, universidades podem paralisar atividades no segundo semestre. Segundo Andifes, nenhuma instituição chega ao fim do ano com verba atual


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As universidades federais podem não chegar até o fim do ano com o corte que houve no orçamento da educação. Neste ano, houve um corte de quase 20% no orçamento, que passou de R$ 5,3 bilhões para R$ 4,3 bilhões.


Edward Madureira, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e reitor da Universidade Federal de Goiás, declarou que os cortes já vinham sendo feitos nos últimos anos.


Em entrevista ao MyNews, ele contou que as universidades estão sofrendo um estrangulamento orçamentário e chegaram no limite. Existe a possibilidade de um colapso do sistema universitário federal do país e as instituições podem fechar.



“A redução de fato, comparada à 2014, é de 10,7 para 4,3 bilhões. Então, as universidades vem sendo submetidas a um estrangulamento orçamentário já há alguns anos. E chegou num ponto que esse corte de 20% inviabiliza completamente. Não há como suportar mais.

 Os reitores trabalharam no sentido de fazer corte e ajuste antes disso chegar à sala de aula. Com esse corte, chega dentro da sala de aula e as universidades entram em colapso se não houver uma recomposição. Imaginem se a gente deixar de pagar a energia de companhia elétrica por três meses. A companhia vem e corta a energia, o que significa parar as atividades. E aí o prejuízo é incalculável. Não é só interromper as aulas, são pesquisas de anos que estão transcorrendo. A gente não quer nem por hipótese admitir esse fechamento, mas pode acontecer, as universidades estão ameaçadas disso sim”, declarou.


Edward Madureira contou que as universidades estão em contato com o Ministério da Educação para tentar reverter esse corte com o Ministério da Economia.


Ele citou algumas universidades em que a situação é ainda mais difícil. Segundo a Andifes, se esse corte não for suspenso, nenhuma universidade federal vai conseguir chegar ao fim do ano.


“O orçamento desse ano foi aprovado em duas etapas. O primeiro é chamado de orçamento não condicionado que corresponde a 40% do orçamento de 2021, isso foi liberado. Depois, tem os outros 60% que está condicionado e depende de um PLN no Congresso. Esse PLN precisa ser votado nas próximas semanas porque esses outros 60% – que não dá para chegar no fim do ano – vão fazer com que a gente passe do primeiro semestre e talvez chegar até agosto ou setembro.

 Então, no máximo até o início do segundo semestre, nós precisamos ter um PLN de suplementação que é outro, com esse 1 bilhão a mais para que a gente consiga chegar no fim do ano. Nós temos por razões diversas, algumas situações mais graves, como é o caso da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da Universidade Federal da Bahia, aqui a UFG, mas se a gente olhar o Brasil, ninguém chega ao fim do ano”, alertou.


De acordo com a reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, o funcionamento da universidade fica inviável a partir de julho. Num artigo, publicado no jornal “O Globo”, ela detalhou a situação.


“A UFRJ fechará suas portas por incapacidade de pagamento de contas de segurança, limpeza, eletricidade e água. O governo optou pelos cortes e não pela preservação dessas instituições”, escreveu a reitora. 

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