sexta-feira, 5 de março de 2021

Creep-feeding pode ser aliado dos bezerros

 

                                                          Sidnei Lopes - Epamig

Em algumas situações a técnica pode gerar resultados insatisfatórios
Por:  -Eliza Maliszewski

Você já ouviu falar em creep-feeding? A estratégia vem sendo adotada por alguns criadores para suplementação concentrada em locais de acesso restrito aos bezerros. A técnica apresenta vantagens, mas ainda gera dúvidas entre pecuaristas. Ao corrigir e enriquecer a dieta dos bezerros a técnica auxilia no desenvolvimento do rúmen, diminui o estresse, reduz a mortalidade e ajuda no ganho de peso corporal e desmame, além de aumentar o giro de capital do produtor. 



No entanto o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Sidnei Lopes, destaca que em algumas situações o creep-feeding pode gerar resultados insatisfatórios. Ele não é recomendado quando as condições de ambiente são favoráveis ao desenvolvimento dos bezerros, quando os animais não possuem genética para o desempenho almejado ou quando os produtores adotam ciclos de produção superiores a 24 meses, pois, nesses caso, os ganhos obtidos com o creep vão se diluir.


“De modo geral, quanto menor for a capacidade do pasto ou de leite para suprir a demanda nutricional dos bezerros, maior será a resposta relativa com a utilização do creep-feeding. O uso de recursos suplementares é acompanhado de aumento nos custos de produção. Logo, uma vez elucidado os aspectos técnicos e nutricionais, também se faz necessário uma minuciosa avaliação da viabilidade econômica da técnica”, explica.


Observadas as possíveis condições desfavoráveis para implantação do creep-feeding, recomenda-se que o produtor inicie a técnica com bezerros com cerca de 80 a 100 dias de vida, exceto nos casos de desmama precoce. O prazo é indicado porque durante as primeiras semanas de vida o leite é a principal fonte de energia e de nutrientes dos bezerros, principal responsável pelo aumento de peso nesse período. A relação, contudo, diminui consideravelmente por volta da 12ª semana de vida do animal.


Segundo Lopes, a quantidade de suplemento que o produtor deve utilizar após a fase da desmama depende de uma série de fatores, entre eles, o ciclo de produção, a qualidade e a disponibilidade de pasto. Em geral, e de acordo com a meta estabelecida pelo produtor, quanto pior a quantidade e a qualidade do pasto, maior será a demanda por suplementos concentrados.


“Ao longo do ciclo de produção, os planos nutricionais devem ser crescentes. Nesse sentido, dependendo das situações, pode ser estratégico começar com algo em torno de dois a três gramas de suplemento por quilo de peso corporal, e ir aumentando esse plano nas fases seguintes de produção”, considera Sidnei.


Para a formulação do suplemento concentrado para os bezerros, o pesquisador recomenda alimentos mais tradicionais; como milho, sorgo, soja e farelo de algodão; e desaconselha o uso de uréia, pois ela pode limitar o consumo dos bezerros, sobretudo em situações com planos nutricionais mais elevados. “Para incentivar o consumo, por exemplo, o produtor pode adicionar melaço de cana em pó na quantidade de 2-3% do concentrado”, conclui.


Dimensionamento dos cochos


O nível de suplementação afeta diretamente o dimensionamento dos cochos no creep-feeding. Em geral, cerca de 15 centímetros de cocho e uma área de um metro quadrado por animal são suficientes. 


É importante posicionar o cocho dos bezerros ao lado do cocho das vacas, pois elas precisam “levar” os bezerros ao creep-feeding até que eles aprendam a consumir o suplemento. Nesse sentido, recomenda-se que o cocho das vacas fique a uma altura de 1.1 metro do chão, enquanto o cocho dos bezerros fique a uma altura de 50 centímetros. Recomenda-se, por fim, que os cochos sejam cobertos para evitar desperdício de suplemento com a ocorrência de chuvas.

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