Segundo pesquisa, maioria dos entrevistados acredita que concessionária não se preocupa com o bem-estar de passageiros
Ricardo Campos Jr
A maioria esmagadora dos usuários do transporte coletivo acredita que o Consórcio Guaicurus não se preocupa ou tem desprezo total pelos passageiros em Campo Grande. Essa é a opinião de 80,19% dos entrevistados em levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Resultado (IPR) a pedido do Correio do Estado.
Somente 14,47% dos participantes disseram que a empresa se preocupa com seus clientes e 5,35% afirmaram que ela se preocupa bastante com as pessoas que andam de ônibus pela cidade.
Foram ouvidas por telefone 318 pessoas, entre os dias 18 e 19 de março. A margem de erro é de 5,5% para mais ou para menos.
Os entrevistadores também questionaram os usuários sobre quais os responsáveis pelos problemas enfrentados diariamente por quem utiliza o serviço público, como lotação, atrasos, má conservação dos veículos, qualidade dos pontos e tempo de viagem. Para 47,17%, a culpa é do próprio Consórcio Guaicurus, enquanto que para 46,23%, a responsabilidade é da prefeitura.
Com relação à qualidade do transporte coletivo campo-grandense, 49,69% dos entrevistados consideraram o serviço prestado de forma insatisfatória, enquanto 38,68% o classificaram como pouco satisfatório. Apenas 7,86% disseram que o serviço é satisfatório e 0,31% o consideraram muito satisfatório. Os demais 3,46% não souberam ou não quiseram responder à pergunta.
Quanto aos problemas, a superlotação foi apontada como o pior deles por 14,15%, a insegurança por 11,95%, o custo da passagem por 10,69%, a lentidão para 9,75% e o desconforto para 4,72%. Outros 45,60% disseram que a má qualidade é causa por todos esses fatores ao mesmo tempo. Somente 3,14% não enxergaram problemas com o transporte coletivo da Capital.
CONTÁGIO
O estudo revela que 89,94% dos passageiros têm algum tipo de medo ao circular pela cidade nos ônibus do Consórcio Guaicurus por conta da Covid-19.
Esse grupo se subdivide em 26,10% que tem muito medo de ser infectado pelo coronavírus, 36,48% que tem medo de contrair a Covid-19 e 27,36% que tem um pouco de medo de ficar doente. Outros 5,97% não têm medo de contrair a Covid-19 nas viagens pelo sistema de transporte, e 4,09% não utilizam ônibus para se locomover.
As medidas de biossegurança adotadas nos coletivos também têm desagradado órgãos de controle. O Ministério Público abriu ação para que a concessionária e a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) intensificassem o uso obrigatório de máscaras e sua devida fiscalização, a desinfecção diária dos ônibus, além de oferecer métodos sanitizantes aos passageiros, como álcool gel e pias com água e sabão nos terminais.
VERBAS PÚBLICAS
Segundo a Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg), a receita do Consórcio em 2019 foi de R$ 166 milhões e uma despesa de R$ 158 milhões. Apesar da margem de lucro de R$ 8 milhões, a situação foi melhor que no ano passado, quando as despesas continuaram altas, R$ 112 milhões, mas a receita caiu para R$ 92 milhões, um saldo negativo de R$ 20 milhões.
A concessionária e a prefeitura passaram então a estudar uma forma de injetar dinheiro público para dar fôlego à empresa. O titular do órgão, Vinícius Leite Campos, comparou o transporte coletivo com a aviação, que recebe verbas federais para sua manutenção, e disse que, da forma como o serviço é tocado atualmente, a conta não fecha.
Entre os fatores que levam ao desequilíbrio estão as gratuidades. Contudo, vale ressaltar que as aulas foram descontinuadas desde o ano passado em razão do contágio pela pandemia. Os poucos cursos superiores que liberaram aulas presenciais ou atividades relacionadas ao estágio fizeram apenas no segundo semestre, de modo que grande parte dos transportados corresponde aos trabalhadores da iniciativa privada.
Vinícius citou como exemplo o caso de Salvador, onde a prefeitura precisou fazer uma intervenção em uma das concessionárias responsáveis pelo serviço para evitar que ela quebrasse.
Segundo a administração baiana, foram injetados R$ 107 milhões na Concessionária Salvador Norte. Do total, R$ 55 milhões foram para a intervenção municipal e outros R$ 47 milhões para cobrir o deficit deixado pela diferença entre os custos operacionais e a arrecadação das empresas.
Até o momento, não há nenhuma decisão favorável ao Consórcio nesse sentido.
Com informação do Correio do Estado
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