Reuters
Foto:Divulgação
A seleção brasileira entrará na Copa América deste ano com a obrigação de vencer a competição, que será disputada em casa, depois de frustrar expectativas na Copa do Mundo de 2018, e uma nova decepção como anfitrião colocará uma pressão grande sobre o técnico Tite, disse nesta quinta-feira o ex-capitão da seleção Cafu.
“Não é um novo ciclo. É a continuidade de um ciclo já iniciado. Logo após a Copa América, já tem Eliminatórias... o Brasil é favorito, mas tem uma responsabilidade muito maior em casa”, disse Cafu a jornalistas.
“Pressão em cima do Tite vai haver sempre... Na última Copa do Mundo havia uma expectativa de título, mas isso não aconteceu. Se não conquistar a Copa América, vai se criar uma desconfiança muito grande”, completou o ex-lateral, capitão do pentacampeonato mundial conquistado em 2002 na Coreia do Sul e no Japão.
Cafu lembrou que o Brasil chegou ao Mundial da Rússia como um dos favoritos, após a campanha do time comandado por Tite nas Eliminatórias, mas a equipe parou nas quartas de final quando foi eliminada pela Bélgica.
Além disso, o Brasil ainda tem o histórico da decepção no Mundial disputado em casa em 2014, quando o time, então comandado pelo técnico Luiz Felipe Scolari, o treinador do penta, caiu nas semifinais diante da Alemanha, sofrendo uma histórica goleada por 7 x 1.
Para Cafu, uma nova derrota em casa, diante da exigente torcida brasileira, pode aumentar muito a pressão sobre o técnico da seleção.
Já o presidente eleito da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, que assumirá o comando da entidade em abril, procurou amenizar a pressão sobre o treinador e negou que a continuidade do trabalho de Tite esteja ligada ao título da Copa América, que será disputada entre junho e julho deste ano no Brasil.
“Eu disse a ele (Tite): se isso (preocupação com título) for bom para ele se sentir motivado a ganhar a Copa América, que ele continue pensando. O contrato oferecido a ele foi de quatro anos e não faria sentido sair antes”, disse Caboclo a jornalistas.
O próprio Tite já disse em entrevistas que não pode ser ingênuo ao achar que estará incólume na seleção caso o Brasil não conquiste a Copa América em casa.
COUTINHO E NEYMAR
Cafu, que é um dos integrantes do Comitê Organizador da Copa América, minimizou a má fase vivida pelo meia Philippe Coutinho no Barcelona, onde tem ficado no banco de reservas, e disse que a seleção, ao contrário de outros momentos, não vive mais uma dependência de sua principal estrela, o atacante Neymar, do Paris St. Germain, que nesta semana foi eliminado pelo modesto Guingamp na Copa da França, com Neymar em campo e anotando um gol.
“Coutinho vinha de sequência forte de jogos e jogar um pouco menos faz parte. É difícil manter a regularidade”, disse o ex-lateral.
“Neymar é nosso carro-chefe, melhor jogador, tem confiança grande e a gente espera dele grandes jogadas. Vejo agora uma divisão maior, até porque já ficou definido que sozinho ele não vai conseguir os resultados que o Brasil precisa. Ele precisa de um conjunto bom ao lado e de jogadores que assumam as responsabilidades”, avaliou.
Dono da lateral-direita da seleção em três Copas —1998, 2002 e 2006—, Cafu aponta uma escassez de laterais na atual geração e uma dificuldade em substituir Daniel Alves, na direita, e Marcelo, na esquerda, que têm ocupado os lados da defesa brasileira nos últimos anos.
“Estou pensando em abrir uma escolinha de laterais no Brasil e treinar lateral para o futebol mundial”, brincou o ex-jogador de São Paulo, Palmeiras, Roma e Milan, entre outros.
Reportagem de Rodrigo Viga Gaier
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