sábado, 26 de janeiro de 2019

Morta por chamar de "frouxo" era índia e saiu da aldeia há um mês


G1                                      Foto:Facebook


A mulher assassinada com 4 tiros por um homem a quem teria chamado de "frouxo" por recusar sexo em Campo Grande, era indígena e artesã. O suspeito informou à polícia que estaria em um programa com a vítima, versão que é contestada pela família e pela sub-secretária estadual de políticas públicas para indígenas, Silvana Terena.

Silvana é amiga da família e conta que Eronilda Gabriel Mendonça, de 34 anos, era artesã e saiu da aldeia Água Azul, em Sidrolândia, para morar na capital há apenas um mês: "Ela era uma mulher alegre, sorridente, estava feliz por viver na cidade grande. Nós que a conhecemos, achamos que essa versão do suspeito não condiz com o comportamento dela. Acredito que foi uma forma dele justificar o que não tem justificativa", afirma.

"Nós temos dois motivos para ter medo, somos mulheres e somos indígenas. Esse caso serve de alerta para a comunidade, para mostrar que a cidade é um lugar perigoso para quem tem costumes diferentes.
Silvana, que acompanhou a família da vítima, diz que a comunidade está abalada com o crime: "Ela era muito querida, atuante, sempre ajudou a todos. Veio para a capital tentar outra vida, ela tinha emprego fixo e fazia bijuterias de penas e sementes junto com a família, artesanato era a paixão dela. Isso tudo é muito triste". O corpo está sendo levado para a aldeia Água Azul.

Ela afirma ainda que Eronilda não tinha um relacionamento com o homem, e que comentou com a família que estariam "se conhecendo". Segundo Silvana, a família acredita que o suspeito poderia ter tentado fazer sexo à força com a vítima: "Ele atirou para matar, ninguém atira 4 vezes sem essa intenção. Acredito que seja o contrário do que ele alega. Se realmente não a quisesse, por que iria matá-la?".

O suspeito de 22 anos, está preso. De acordo com a polícia, o jovem confessou o crime e disse que havia saído quatro vezes com a vítima. No último dia 22, o casal estava em um carro, no jardim Tijuca. Após a suposta cena em que o teria chamado de "frouxo", Eronilda saiu do carro, e ele atirou 4 vezes contra ela, pelas costas. Os disparos acertaram rosto, virilha, ombro e panturrilha. O caso está sendo investigado como feminicídio.

Este é o segundo caso de feminicídio em MS no ano de 2019. O primeiro foi da merendeira Silvana Tertuliana, assassinada pelo namorado que não aceitava o fim do relacionamento. A pena para varia de doze a trinta anos de prisão.

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