quinta-feira, 24 de maio de 2018

Empresários do Ceasa não conseguem liberar cargas paradas



                                           Foto:Valdenir Rezende-Correio do Estado

Empresários do setor de alimentos e que tem box no Ceasa em Campo Grande tentaram neste quarto dia de greve dos caminhoneiros, nesta quinta-feira (24), negociar a liberação de cargas que devem estragar a partir de amanhã (25). Apesar das tratativas, não houve sucesso e os motoristas foram irredutíveis na liberação de cargas.

Essa situação foi flagrada por equipe do Portal Correio do Estado em bloqueio parcial que acontece na BR-262, no município de Campo Grande, perto do Autódromo.

Dono de box no Ceasa de 47 anos, que pediu para não ser identificado, explicou que está com uma carga de batata e cebola parada há dois dias. O valor dela é de R$ 150 mil e como está, em parte, exposta ao sol e sereno, até esta sexta-feira deve estragar se não for corretamente condicionada. "Se não sair hoje, vai ficar tudo estragado. Isso vai dar prejuízo para mim, vai fazer o preço subir do produto que restar e vai ter uma repercussão grande", explicou.

Segundo ele, a greve dos caminhoneiros, que já chegou ao quarto dia - começou na segunda-feira -, deveria ter maior impacto nas refinarias e pontos de distruibição de combustível. "Entendo que a greve é necessária e justa, mas deveriam ter fechado as distribuidoras, para atacar diretamente o problema", opinou.

Outro empresário que estava na manhã desta quinta-feira no bloqueio da BR-262, saída para Três Lagoas, em Campo Grande, explicou que deve perder R$ 25 mil em laranja. A carga também está parada há dois dias no local. "Tentamos negociar com o caminhoneiro, mas não houve acordo. Ela (laranja) vai apodrecer."

CAMINHONEIROS

Os motoristas que estão parados no protesto reforçaram que é preciso manter o movimento enquanto o governo federal não recuar na política de aumento de preço do combustível. "Entendemos que carga viva e medicamentos devem passar, mas o restante está parado", comentou Marcos Ferreira Machado, 41 anos, que há 14 anos é motorista de caminhão e está parado com combustível de aviação que está previsto para ser entregue em Cuiabá (MT). A carga saiu de Paulínia (SP).

Marcos Fernando de Araújo, 45 anos, é de Campo Grande e decidiu aderir ao protesto e defende que o preço do diesel seja reduzido em 30%. "Acho também que é preciso mudar a forma de cobrança do eixo em pedágios. Mesmo os que estão levantados são cobrados. Tem frete de R$ 9 mil que você volta devendo", reclamou. "A greve vai continuar", afirmou.

SEM ACORDO

Reunião na Casa Civil nesta quarta-feira (23) entre Abcam (Associação Brasileira de Caminhoneiros) e governo federal terminou sem acordo. O encontro aconteceu na tentativa de encerrar a greve.

O pedido é que o governo tome medidas que possam reduzir o preço dos combustíveis no país. A Abcam pede uma eliminação da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) e PIS/Cofins sobre combustíveis, além de uma mudança na política de reajuste de preços, que, na avaliação da categoria, deveria ocorrer a cada 90 dias.

Se todos os pedidos forem atendidos, a Abcam espera uma redução de R$ 0,60 a R$ 0,80 no preço do diesel. Hoje há 1 milhão de caminhoneiros autônomos em todo o país, dos quais cerca 400 mil estão parados nesta quarta-feira, segundo a associação. A Abcam representa cerca de 500 mil caminhoneiros.

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