domingo, 15 de outubro de 2017

Papa canoniza os primeiros mártires do Brasil, assassinados no século XVII

                                         Cerimônia reuniu uma multidão na Praça de São Pedro, no Vaticano, para celebrar o surgimento de novos santos da Igreja Católica. Bandeiras do Brasil podiam ser vistas durante a canonização - TIZIANA FABI / AFP

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CIDADE DO VATICANO e NATAL - Dois massacres quando o Brasil ainda era colônia — um teve como palco uma pequena capela, e o outro, a beira de um rio — resultaram na canonização dos 30 primeiros mártires brasileiros. Eles foram assassinados por calvinistas holandeses no século XVII, em Uruaçu e Cunhaú, no Rio Grande do Norte.

A celebração aconteceu na manhã deste domingo, dia 15, no Vaticano, em uma cerimônia presidida pelo Papa Francisco.

As canonizações são o reflexo da violenta história da evangelização na América Latina, que teve início no estado brasileiro do Rio Grande do Norte em 1597 com os missionários jesuítas e os padres procedentes do reino católico de Portugal. Mas, nas décadas seguintes, a chegada de holandeses
calvinistas gerou perseguições contra os católicos.

No monumento construído em homenagem aos santos, no município de São Gonçalo do Amarante, na região metropolitana de Natal, cerca de 400 fiéis celebraram uma missa e em seguida, uma vigília em comemoração a canonização dos mártires. Entoando cantos e preces, pessoas de diversas idades acompanharam ao vivo de um telão, a celebração que acontecia no Vaticano.

Os mártires de Cunhaú e Uruau morreram de forma violenta; alguns chegaram a ater o coraçao arrancado, segundo historiadores. Eles foram beatificados pelo Papa João Paulo II em 2000, quando cerca de mil brasileiros participaram da celebração. O processo de beatificação durou nove anos; foi instalado pelo então Arcebispo de Natal, Dom Alair Vilar, e teve como postulador o Monsenhor Francisco de Assis Pereira, ambos já falecidos. A celebração de beatificação aconteceu durante o governo de Dom Heitor Sales.

O processo de canonização estava na Congregação para a Causa dos Santos, no Vaticano, desde o segundo semestre de 2015, por indicação do Sumo Pontífice. Em setembro do ano passado, o Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, participou em Roma de uma audiência com o Papa Francisco para tratar sobre a canonização.

Das 150 pessoas mortas nos dois massacres, apenas 30 foram considerados santos. A quantidade foi menor porque, segundo a Igreja Católica, ficou comprovada a identidade apenas do deste grupo. Das 30 pessoas, 25 eram homens e cinco, mulheres — alguns deles, bebês.

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