domingo, 29 de outubro de 2023

Morre Matthew Perry, ator que interpretou Chandler, na série 'Friends', aos 54 anos

 

                                            O ator Matthew Perry, o Chandler de 'Friends' — Foto: Divulgação


Morreu neste sábado, aos 54 anos, o ator Matthew Perry, intérprete do personagem Chandler na série americana de sucesso "Friends" (1994-2004). O artista foi encontrado morto, numa banheira de hidromassagem em sua casa, em Los Angeles, nos Estados Unidos, de acordo com o site "TMZ".


Fontes ouvidas pela reportagem do "TMZ" relatam que o artista teria se afogado — e que socorristas teriam atendido a um pedido de socorro, na residência do americano, devido a uma parada cardíaca. Próximo à banheira, não havia drogas nem quaisquer indícios de crime. O caso está sendo devidamente analisado pelas autoridades.


Vida de sucesso e percalços

Profissional bem cotado, inteligente, divertido, bonito e rico. Nem assim o ator Matthew Perry teve uma vida molezinha. Divertir os outros sempre foi a ambição do artista — além de ficar muito, muito famoso. Ele chegou lá, é verdade. Só não esperava tornar-se também alcoólatra, viciado em opioides e fumante inveterado, como o próprio ponderou, abertamente, na autobiografia “Amigos, amores e Aquela Coisa Terrível”, que ele lançou neste ano (e que no Brasil foi editada pela BestSeller)


Apesar dos pesares — e dos perrengues —, Matthew Perry fez questão de pincelar doses de bom humor na maior parte das páginas do título, mesmo naquelas em que repassa momentos sórdidos ou internações que encarou para livrar-se (temporariamente) de seus vícios. Sim, o ator parece ter se divertido ao escrever o livro


Família ausente

Nascido em 1969 nos EUA, Matthew Perry se mudou com a família para o Canadá ainda bebê. Mas os pais se separaram quando tinha 9 meses. Sua infância, ao lado da mãe sempre tão atarefada, foi uma constante luta por atenção. Como o pai se mudara para a Califórnia, o vazio só foi crescendo, crescendo, crescendo... E tornou-se crônico.


Aos 12 anos, viajando sozinho para Los Angeles, onde passaria a viver com o pai, o garoto entendeu que agora seria "cada um por si", o que teria sido determinante para sua carreira. Ele ainda tentou se convencer de que seria um campeão nas quadras de tênis, mas não foi adiante — sobretudo depois dos 14 anos, após as primeiras bebedeiras.


Língua afiada e talento nato para as telas, Perry começou a ganhar destaque no meio artístico ainda adolescente, até que, meio por acaso, conseguiu pegar o último papel disponível para “Friends”. Ele nunca teve dúvida de que Chandler não era apenas um personagem: na sua ótica, Chandler era Matthew Perry, o próprio.


Mais recentemente, o ator costumava falar pouco sobre a série que o tornou famoso. Mas sempre reforçava que, sim, foi "o melhor emprego do mundo". Como modéstia não era o seu forte, assegurava que seu jeito peculiar de fazer as piadinhas mudou a entonação de milhões de americanos, algo que reforça na própria biografia.


Ele garantia que jamais trabalhara sob o efeito de drogas nos 237 episódios do maior sucesso da TV americana de sua época. Certa vez, porém, deixou a clínica de desintoxicação onde estava internado apenas para gravar o casamento de Chandler com Monica (a atriz Courteney Cox). No fim do dia, voltou para a reabilitação.


A série lhe abriu vários caminhos, não só no humor. Figura mais engraçada da turma de "Friends", na opinião da maior parte dos espectadores, ele também convenceu como ator dramático: de suas quatro indicações ao Emmy, premiação mais importante da TV americana, três foram por atuações em “papéis sérios” — no filme "The Ron Clark Story" (2006) e na série "West Wing: nos bastidores do poder" (1999), que lhe rendeu indicações por duas vezes.


Sobrevivente

Perry se considerava um "sobrevivente". Ele estava limpo das drogas desde meados da pandemia e vinha se dedicando a ajudar viciados e alcoólatras. Ao fim de sua autobiografia, fez questão de deixar uma mensagem otimista. E ressaltou que, com frequência, sujeitos que sempre têm uma piadinha na manga usam o bom humor para camuflar algum vazio que pesa no peito, daqueles que Freud explica, mas não cura.



Por O GLOBO

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