Com alta ocupação e pouquíssimas vagas disponíveis para a semana do G20, os hotéis de luxo da orla carioca enfrentam nos próximos dias um desafio operacional grandioso, superior ao de períodos de demanda aquecida, como o carnaval e o réveillon.
Ao acolher cerca de 120 mil pessoas que a prefeitura estima que o Rio receberá até o fim da cúpula, hospedagens redobraram logística e segurança — com direito a atiradores de elite, reservas dedicadas a agentes de segurança estrangeiros e restrições de acesso. Entre os hóspedes, há uma série de notáveis: chefes de Estado e de Governo e delegações dos 21 países e blocos do grupo, além de convidados e das organizações internacionais. São 55 comitivas, com 20 pessoas cada, em média. O presidente americano Joe Biden e o chinês Xi Jinping estão no nível cinco de segurança, considerado o mais elevado.
— Fomos procurados por várias delegações. Desde então, realizamos um trabalho constante e minucioso de capacitação e de treinamento para superarmos as expectativas. Nosso objetivo é adequar a equipe aos costumes e às necessidades da delegação que vamos hospedar — diz Maurício Júnior, gerente geral do Hotel Nacional, em São Conrado.
Nova geografia
Ao menos 25 hotéis, de Copacabana (principalmente) até a Barra da Tijuca, serão residências temporárias de participantes da cúpula, que vai acontecer no Museu de Arte Moderna (MAM). Alguns abrigarão mais de um chefe de Estado. Um hotel da Zona Sul terá como hóspedes de Javier Milei, presidente da Argentina, a Claudia Sheinbaum, recém-empossada presidente do México, de espectros políticos opostos. Também estarão no endereço os representantes de Japão e Uruguai.
A um quilômetro dali, diferentes quartos acolherão ao mesmo tempo Emmanuel Macron (presidente da França); Justin Trudeau (primeiro-ministro do Canadá); Anthony Albanese (primeiro-ministro da Austrália) e Olaf Scholz (chanceler da Alemanha). Lula completa o grupo de cinco autoridades, multiplicando as medidas de segurança.
Para “blindar” delegações, parte dos hotéis restringiu reservas de outros hóspedes. Efetivos com agentes de segurança foram ampliados, e foi redobrado o cuidado com informações sobre nomes de hóspedes.
Em outro hotel da orla, foi montada uma operação especial para receber Xi Jinping e seu time chinês: atiradores de elite do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar, o Bope, ficarão no terraço do prédio, que fica próximo a uma favela, além de cães farejadores. O acesso à praia nos arredores será reduzido, bem como a áreas do estabelecimento, inclusive para funcionários. A delegação indiana estará na vizinhança.
Os líderes mundiais também trazem equipes de seus países e até a água que vão consumir. Em território nacional pela primeira e última vez como chefe de Estado, Biden desembarca amanhã vindo da Amazônia, cercado pelo serviço secreto. Será recepcionado sob megaestrutura dos EUA, com limusine à prova de balas. Ficará em uma rede americana de hotéis. Dois secretários (incluindo o de Estado, Anthony Blinken) estarão em outros locais. Os agentes de segurança ficarão num quarto endereço.
Luxo e amenidades
Os hotéis ainda repassam às comitivas orientações sobre como circular na cidade. Entre elas, a de que se evitem passeios em favelas sem planejamento e que se protejam joias, relógios e celulares em vias públicas. Em deslocamentos, a Linha Vermelha, principal rota entre o Aeroporto Internacional do Galeão e a Zona Sul, é um ponto crítico. Nos céus, o espaço aéreo estará fechado.
A intenção dos hotéis, entretanto, é que os visitantes voltem para casa encantados com a acolhida. Além do luxo das suítes presidenciais, amenidades e cuidados com mínimos detalhes estão em pauta. Entre eles, pratos da culinária dos países de origem.
— Estamos com uma comitiva oriental, e alguns preparos foram adaptados, como o do arroz, muito típico daquela cultura — revela Jorge Chaves, diretor comercial e de operações do Rio Othon Palace.
Além da comida, o foco está nas experiências. No Othon, chefes de Estado serão recepcionados com cartas de boas-vindas na língua natal, roupão bordado com seus nomes e pantufas, além de biscoito Globo e mate, símbolos das praias cariocas.
— Queremos que conheçam mais do nosso estilo de vida. Temos a felicidade de viver num país tropical — diz Chaves.
No Emiliano Rio, os mimos incluem chinelos de marca brasileira conhecida mundialmente. Serão servidos drinques locais, como a caipirinha. Frutas tipicas, como o açaí, serão priorizadas no menu. Outro afago é uma playlist de clássicos brasileiros, criada pelo músico Pretinho da Serrinha, com destaque para o samba. Shows do artista e de Maria Rita estão previstos para os próximos dias.
Por
João Paulo Saconi,
Jéssica Marquese
Tatiana Furtado— Rio de Janeiro
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