Foto: Divulgação
Histórias sobre trocas de corpo não são novidades em Hollywood, posso citar pelo menos três clássicos –Sexta-Feira Muito Louca (Freaky Friday), Um Espírito Baixou em Mim (All of Me) e Jumanji– para argumentar que o filme Identidades Em Jogo (It’s What’s Inside) é uma das histórias mais originai e bem contadas do ano e sim, é sobre troca de corpo.
O filme, que chegou à Netflix no início de outubro é simplesmente sensacional. Tenso, divertido, dramático e completamente inesperado, é um banho de inovação e criatividade em cima de um argumento simples, mas complexo, divertido e preciso.
Escrito e dirigido por Greg Jardin, com um elenco jovem de atores desconhecidos e produzido por Colman Domingo, Identidades Em Jogo (It’s What’s Inside) é o que Squid Games foi há quatro anos: um estudo social e comportamental preciso de como a sociedade age e aspira hoje em dia, disfarçado atrás de um jogo de aparência inofensiva.
Quanto menos souber da história é mais gostoso para acompanhar, uma vez que o argumento pode ser algo que já foi tentado antes. A diferença está nos detalhes extremamente bem amarrados, nas surpresas e uma trilha sonora espetacular.
A sinopse diz: A festa que antecede um casamento se transforma em um pesadelo existencial para um grupo de amigos quando um deles surge com uma maleta que guarda um dispositivo misterioso capaz de promover a troca de corpos. É o início de um jogo perverso que traz à tona verdades secretas, desejos reprimidos e ressentimentos profundos.
Pois é, em uma linguagem publicitária usada de forma certeira, Identidades Em Jogo (It’s What’s Inside) provoca a pausa em várias questões da sociedade moderna: os influencers, as redes sociais, as narrativas questionáveis, a ganância, a inveja, a frustração e a inconsequência. Sim, há quem tente dizer que literalmente ao trocar de corpo, alguém poderia efetivamente mudar para melhor por ter experienciado o que a outra pessoa sentiu na pele. Empatia na veia? A mensagem no final das contas pode não ser tão otimista.
Há críticos que reclamam da inexperiência do elenco, mas honestamente é uma das vantagens para poder se deixar levar. E se tem uma coisa que a Netflix já nos provou é que entende de jogos mentais. E nesse caso, é inquietante, diferente e divertido. Diante de tanta mesmice e histórias “reais”, a fantasia nunca foi tão bem-vinda. Mesmo com todo seu caos.
Por Ana Cláudia Paixão - Colunista e crítica de cinema do Correio B+
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