quarta-feira, 24 de maio de 2023

Festa literária de Bonito chega à 7ª edição com oficinas, teatro e mais

 


O sequestro e a morte de crianças indígenas, no Brasil do século 19, embalam a trama de “O Som do Rugido da Onça”, que fez Michelliny Verunschk conquistar o Prêmio Jabuti, na categoria Romance Literário, no ano passado. Os próximos três autores também têm o Jabuti no currículo.


Entre a catástrofe (inter)nacional do presente, responsável pelo exílio de indígenas da Amazônia para o México, e uma ambientação futurista, também é a distopia que parece orientar a narrativa de “A Morte e o Meteoro”, de Joca Reiners Terron, cuiabano radicado em São Paulo.


Na prosa mais curta, um dos destaques são os 12 contos “brilhantes sobre gente derrotada”, que se passam na fictícia Buriti Pequeno e estão compilados em “Erva Brava”, da brasiliense Paulliny Tort.


Ou “O Deus das Avencas”, do paulistano Daniel Galera, que abastece o volume com três novelas sobre nascimento e incerteza (na trama que dá título), solidão e desastre ecológico (em “Tóquio”) e, ainda, a simbiose de uma comunidade com os recursos naturais em um mundo pós-apocalíptico (em “Bugônia”).



Eis uma pequena amostra – mais precisamente, 10% – dos escritores que marcarão presença na sétima edição da Feira Literária de Bonito (Flib), que será realizada do dia 5 a 8 de julho, na Praça da Liberdade da cidade balneário, a 300 quilômetros da Capital, com a participação de 40 autores, inclusive de MS, além de ampla programação cultural.


O LIVRO FAZ O HOMEM

Um coquetel para convidados, na noite de ontem, no Café Doce Lembrança, no Centro de Campo Grande, marcou o lançamento oficial da Flib 2023, cujo tema “Literatura e Natureza: Uma História para Contar” busca problematizar, no contexto da literatura brasileira, o homem e seu meio enquanto sujeito e também como resultado dos valores (e ações) que engendram individualidades, seja do ponto de vista mais subjetivo, seja da cidadania e suas circunstâncias.


“A Flib, nesta sétima edição, está retomando uma questão presente desde a formação da literatura brasileira. Que natureza está ali representada? Que leitura fazemos do seu papel na cultura e no nosso cotidiano? Como nos posicionamos diante de seus valores vitais? Se a literatura é, de fato, um direito, como se dá o acesso à ela?”, indaga a curadora da Flib, Maria Adélia Menegazzo.


Envolvendo, como de costume, escolas e ONGs, por meio de uma parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Bonito, a programação, a ser consumada em praça pública e com acesso gratuito, prevê shows musicais, sessões de teatro, performances, oficinas, contação de histórias, jogos interativos e mostra de cinema.


O livro, a expressão literária e a condição do escritor não deixam de ser uma tangente incontornável a toda essa maratona de eventos e atividades. Oficinas de criação e formação à leitura, mesas de discussão, palestras e espetáculos detêm o foco nas letras. O fomento à economia do livro também terá espaço reservado, com a presença de editoras e livrarias, completando-se, assim, a relação autor-livro-leitor.


DIREITO E DIGITAL

O direito à literatura é um dos eixos transversais. Para a curadoria da Flib, ele não pode se dissociar do direito à fabulação.


“Por isso, ler e contar histórias é uma prática libertadora, que permite acessar outros mundos, outras gentes, outras culturas, e com elas interagir. Decorre daí o direito ao livro, às bibliotecas e à bibliodiversidade”, propõe Maria Adélia. A relação mundo digital e literatura é mais um dos eixos trabalhados pela proposta de curadoria.


ORGULHO E FUNDAMENTO

“Estamos muito orgulhosos de receber a sétima edição da Feira Literária de Bonito, que se tornou um marco cultural em nossa cidade. A Flib celebra a importância da leitura, da cultura e do conhecimento, proporcionando um espaço de encontro entre escritores renomados, entusiastas literários, nossas crianças e toda a comunidade”, afirma o prefeito Josmail Rodrigues.


“Com uma programação diversificada para todas as idades, convidamos os cidadãos de Bonito e os visitantes a participarem desta edição, fortalecendo o amor pela leitura e enriquecendo nossa comunidade com a magia das palavras. Juntos, vamos celebrar a cultura e promover o acesso à literatura, tornando Bonito um verdadeiro refúgio para os amantes da leitura”, exulta Rodrigues.


“Acho muito importante esse mergulho no mundo da literatura, que é a proposta da Flib. Fundamental para a gente, enquanto sociedade, sair um pouco dessa comunicação muito instantânea que estamos acostumados nas redes sociais e ter contato com as formas de linguagem trabalhadas pelos escritores, seja por meio das palestras, cursos e oficinas que a feira vai oferecer”, diz o deputado federal Vander Loubet (PT-MS), autor de emenda parlamentar que destinou recursos à Flib.


“Isso vale para nós, adultos, mas principalmente para as crianças e os adolescentes. Tenho certeza que vai ser um sucesso, assim como foram as outras seis edições”, confirma o deputado. Para ele, a consolidação da Flib representa a execução de “muitas políticas públicas” em um só evento – “educação, cultura, meio ambiente, cultura e trabalho”.


“A Flib é um dos principais eventos geradores de fluxo turístico, consolidada já em sua sétima edição. A direção do evento está de parabéns. A Feira Literária de Bonito valoriza a nossa cultura, a nossa literatura, e, por tudo isso, é fundamental a participação do governo [do Estado], prestigiando esse evento que fomenta a cultura, a literatura, o conhecimento”, finaliza o secretário de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania, Marcelo Miranda.


Marcos Perry

Com informação do Portal Correio do Estado

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