segunda-feira, 11 de abril de 2022

Paes é reprovado por 36% e vai pior do que em mandatos passados, mostra Datafolha

 


FOLHAPRESS


 O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), tem no momento a pior avaliação de seus três mandatos. Após um ano e três meses de gestão, ele só vai melhor do que seus antecessores Marcelo Crivella (Republicanos), em 2018, e Cesar Maia (hoje no PSDB), em 1994.


Segundo pesquisa divulgada neste domingo (10) pelo Datafolha, 21% dos cariocas acham sua administração ótima ou boa, 42% a veem como regular e 36% a consideram ruim ou péssima. Outros 2% não responderam.


Nas duas primeiras vezes em que assumiu o município (2009-2016), na esteira dos grandes eventos esportivos que inundaram a cidade com investimentos e obras, a parcela da população que o aprovava a essa altura era maior (35% e 37%, respectivamente) e que o reprovava, menor (21% e 27%).


O levantamento de agora considera uma amostra de 644 moradores do Rio acima de 16 anos, de todas as classes sociais e regiões, entrevistados entre a última terça (5) e quinta (7). A margem de erro é de até quatro pontos percentuais, para mais ou para menos.


Pode ter pesado nos resultados uma greve de garis por reajuste salarial que durou oito dias --com uma pausa quando fortes chuvas atingiram o estado-- e deixou vários pontos de acúmulo de lixo nas ruas, principalmente nas zonas norte e oeste, até a última semana.


Paes também tem travado uma queda de braço com empresas de ônibus, setor que vive uma crise na cidade. Ele extinguiu o contrato do BRT (sistema de corredores rápidos) com a iniciativa privada, alegando descumprimento dos serviços, e retomou a operação por meio de uma empresa pública.


Desde então, vem passando por paralisações e manifestações pontuais que deixam as estações caóticas. Ele costuma dizer que está sendo alvo de uma suposta sabotagem por meio dessas companhias que dificultam a compra de ônibus e a contratação de funcionários, mas não cita nomes.


Esses fatores podem ajudar a explicar a pior avaliação do prefeito pelos mais pobres. Entre os que ganham até dois salários mínimos, 39% classificam sua gestão como ruim ou péssima. Essa faixa vai caindo conforme a renda avança, chegando a 23% entre os que ganham mais de dez salários.


Ele também é considerado menos eficiente por negros: cerca de 40% dos pretos e dos pardos o reprovam, enquanto entre brancos a marca é de 25%. Os homens o acham pior do que as mulheres, mas a diferença está dentro da margem de erro.


Paes ainda é mais rejeitado por quem pretende votar no governador Cláudio Castro (PL) ou em Anthony Garotinho (União Brasil) para o Palácio da Guanabara, e mais aprovado pelos eleitores do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) e de Rodrigo Neves (PDT), o ex-prefeito de Niterói --Freixo e Castro estão à frente nas pesquisas.


Outras fatias que o avaliam mal são os desempregados (chega a 46% a parcela que o considera ruim ou péssimo entre eles), os autônomos e os assalariados sem registro (40% nesses dois grupos). Já empresários, funcionários públicos e estudantes têm uma visão mais favorável.


Em dezembro, o político reconheceu em entrevista à Folha de S.Paulo que a conservação da cidade "ia muito mal" e disse que sua maior frustração era não ter conseguido avançar "do jeito que gostaria" nas áreas de saúde, transporte e emprego em seu primeiro ano como prefeito.


Ele justificou afirmando que o foco foi a gestão da pandemia de Covid-19 e o reequilíbrio das finanças do município, além de insistir que o legado que deixou nos outros dois mandatos foi destruído pelo antecessor Crivella, que acumula a maior rejeição dos últimos quase 30 anos no município.


Na ocasião, Paes prometeu aumentar os orçamentos da Saúde, melhorando a recuperação das unidades básicas e a recontratação de profissionais, e da Secretaria de Conservação, para intensificar a zeladoria. Os esforços, porém, ainda não parecem ter refletido na avaliação do carioca.

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