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Depois de ser impedida de produzir smartphones com tecnologia 5G nos Estados Unidos, a gigante chinesa de tecnologia Huawei apostou em tecnologia para o setor de suínos. Conforme o Portal Agrolink já havia noticiado, a empresa pretende usar tecnologia de reconhecimento facial para detectar doenças e rastrear os animais.
A ideia é permitir que os agricultores identifiquem os porcos individualmente e possam monitorar peso, dieta e exercícios dos animais.
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Os avanços usados na suinocultura mundial repercutem no Brasil que tem uma suinocultura de destaque nas exportações. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) destaca que a expectativa é que, em 2021, o Brasil siga como o terceiro maior produtor mundial e exportador de carne suína, pela demanda aquecida da China. De acordo com o último levantamento do IBGE, em 2019 o país tinha um rebanho suíno de 40,6 milhões de cabeças.
A pedido da Revista Amanhã, técnicos da Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia (SC), avaliaram os impactos que esse avanço na tecnologia pode trazer para a suinocultura. Segundo eles, a chamada Suinocultura 4.0 já vem sendo observada há 11 anos, quando o governo alemão apresentou o Plano de Ação Estratégica de Alta Tecnologia 2010/2020.
O fenômeno vem criando, aos poucos, um mundo onde vão interagir sistemas inteligentes, máquinas que aprendem no dia a dia e técnicos especializados. Essas estruturas implantarão tecnologias, métodos, linguagens e estruturas para coletar o máximo possível de informações, integrá-las a bases de dados gigantescas, interpretar essas informações para elaborar respostas eficientes adaptadas a situações específicas e orientar máquinas, sistemas e operadores humanos a tomarem decisões com base no que foi coletado e analisado. Tudo em tempo real, numa via de mão dupla de comunicação ultrarrápida e confiável.
O processamento de imagens, por exemplo, é o adotado pela Huawei: pode identificar características nos animais como a busca por água e comida e comportamentos que fujam da normalidade, informações que serão usadas para o fornecimento dietas adequadas para cada suíno, para determinar quem deve ser vacinado e controlar o processo de reprodução. Uma vez que esses dados são coletados, a inteligência artificial pode criar modelos matemáticos que preveem impactos ambientais e facilitam a tomada de decisão no campo. A IoT também poderá ser utilizada para a adição de tecnologias como balanças inteligentes, com as quais é possível coletar o peso do animal enquanto ele se alimenta. Assim, pelos modelos de curvas de crescimento introduzidas nos processadores das máquinas, é possível identificar se a fórmula da dieta está dando resultado.
Mas de nada adianta coletar os dados brutos no campo se não se pode processá-los ou transmiti-los em tempo real. Aí entra a Internet 5G, que em pouco tempo será uma realidade e irá auxiliar a comunicação no campo, com a cobertura de redes e permitindo maior capacidade de transmissão de informações. No entanto, mesmo que haja atrasos na implementação dessa tecnologia, segundo os técnicos da Embrapa, a área de edge computing poderá fechar essa lacuna, desenvolvendo equipamentos e sistemas que ficam na própria granja e podem receber dados dos sensores locais, processando-os e fornecendo ao gestor as informações de que ele precisa.
Para a Embrapa, a primeira onda visível de mudanças da Suinocultura 4.0 já está acontecendo e pode ser dividida em dois segmentos de inovação. O primeiro diz respeito ao registro de informações: edificações de produção, sistemas de tratamento de dejetos, meios de transporte, plantas de abate e toda e qualquer instalação ligada à cadeia produtiva de suínos estão sendo inundados de sensores (para registrar a umidade, temperatura, concentração de amônia, CO2, poeira, consumo de água, peso dos animais...), câmeras (2D e 3D, focadas no monitoramento e atividade dos animais; ou para orientar máquinas que farão a desossa de carcaças na linha de abate) e microfones. Todos esses equipamentos, quando largamente disseminados, vão exercer as funções de "olhos, ouvidos e narizes" da Suinocultura 4.0.
O segundo segmento é o desenvolvimento dos sistemas ciber-físicos, que analisam, comparam e interpretam os dados que vêm dos sensores, câmeras e microfones instalados no mundo real.
Esses sistemas já existem e já foram implementados em alguns pontos. Quando estiverem suficientemente disseminados, segundo os técnicos, que a suinocultura entrará em sua fase mais transformadora. "É neste momento, num futuro não muito distante, que veremos no Brasil robôs autônomos identificando o momento de higienizar as baias e edificações, executando um corte numa linha de abate ou identificando o nível de estresse dos animais e adotando medidas para melhorar o ambiente.
Eles vão interagir com outras máquinas e aprender com humanos. Por exemplo, um robô autônomo gerenciará os sensores de uma instalação e atuará conectado com impressoras 3D para executar consertos de manutenção preventiva definidos previamente por um operador. Além disso, as mais variadas tarefas serão realizadas através de interfaces de toque e voz, que não só responderão à comandos, mas também poderão tomar decisões a partir de perguntas que forem feitas pelos usuários", antecipa a nota da Embrapa de Concórdia que é assinada pelos técnicos Jean Carlos Villas Boas Correia, Darci Dambroz, Paulo Armando Victória de Oliveira e Elsio Antonio Pereira de Figueiredo.
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