A safra de café será menor em função da bienalidade mas o outono, que começa no dia 20 de março, pode favorecer os cafezais fazendo com a qualidade dos grãos compensa a produção menor.
Os pesquisadores Marcelo Ribeiro e Williams Ferreira, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) elaboraram um prognóstico que aponta que a estação poderá ser marcada pelas chuvas dentro da normalidade, temperaturas acima da média e pelo fim do fenômeno La Niña.
O outono marca a transição entre o verão e o inverno. Na região Sudeste, maior produtora de café do país, abril é o mês de transição entre a estação chuvosa, que se concentra entre outubro e março, e a estação mais seca que vai de maio a agosto. A redução das chuvas em abril é bem marcante nessa região.
O Brasil, devido à dimensão continental, com a maior parte de seu território dentro na zona tropical, apresenta o outono austral (em referência ao hemisfério Sul) com maiores características nas regiões Sudeste, Sul e Centro Oeste. Nessas regiões ocorre, ao longo da estação, redução gradativa dos índices pluviométricos e, consequentemente, da umidade do ar, bem como das temperaturas, favorecendo a formação de nevoeiros logo pela manhã nos vales entre as montanhas e em localidades com maior altitude. É nessa estação que ocorre também a redução no número de horas de luz diária.
Durante o próximo outono é esperado o término do atual fenômeno La Niña, com provável transição para um período de neutralidade (sem o El Niño). O fenômeno La Niña que costuma se desenvolver durante o período de abril a junho, no ano passado se estabeleceu no mês de agosto e atingiu sua força máxima durante os meses de outubro e dezembro. Atualmente, as condições do sistema acoplado atmosfera/oceano são consistentes com um La Niña fraco que se encontra em declínio.
Nos próximos três meses, nas regiões cafeeiras, são esperadas chuvas dentro da média normal do período. De modo geral a região central do Brasil deverá apresentar temperaturas acima da média ao longo dos três meses que compõem o outono.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) aumentou, recentemente, a estimativa da próxima safra de café no Brasil para pouco mais de 47 milhões de sacas de 60 kg. A safra de café arábica, estimada em mais de 30 milhões de sacas, terá redução em torno de 30%, quando comparada com a safra de 2020. Apesar das dificuldades impostas pela atual pandemia no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) o consumo interno de café aumentou em 2020.
Como o atual ano é de baixa produtividade e as lavouras iniciaram o ciclo depauperadas, em virtude das altas produtividades da safra passada e do atraso no início das chuvas associadas ao calor acima da média no começo da Primavera no ano passado, o produtor deve ficar atento aos tratos culturais das lavouras. Incluindo, adubações dos solos e foliares, controle de plantas espontâneas, das pragas e doenças, e principalmente da cercosporiose, que neste ano tem se apresentado intensa. Além das desbrotas devido ao elevado número de podas realizadas após a safra passada.
Considerando que as chuvas nos meses de fevereiro e março contribuíram com a fase de enchimento dos grãos e, consequentemente, com a recuperação das lavouras. Apesar de o presente ano ser considerado de “baixa”, na atual safra o produtor pode compensar a redução da produtividade com maior investimento na qualidade do café.
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