segunda-feira, 22 de março de 2021

Mandetta quer se viabilizar como 3ª via na disputa presidencial

 



                                            Foto: Arquivo Correio do Estado
Com nome ventilado nos grandes centros, ex-ministro terá de mostrar força em casa

Flávio Veras

Ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM) passou a ser citado nas rodas políticas e empresariais como uma terceira via para concorrer à presidência em 2022, contra a polarização Lula x Bolsonaro ou PT x Bolsonaro.


Contando com o apoio de parte do DEM e de setores da política em outros Estados, o ex-ministro em algumas simulações de segundo turno em pesquisas presidenciais visando 2022 chega a aparecer à frente do presidente Jair Bolsonaro, mas ainda precisa mostrar força em casa.


Pesquisa realizada e divulgada na última semana pelo Correio do Estado/IPR aponta que, em Campo Grande, Mandetta aparece na terceira colocação, com apenas 3,49% da preferência dos entrevistados, bem atrás dos líderes Lula e Bolsonaro.  


O presidente da República configura no cenário estimulado, quando são apontados os possíveis candidatos na pesquisa, com 29,84%. Já o petista soma 26,35% da preferência dos campo-grandenses. 


Para se ter uma ideia dessa diferença, o Ministério da Saúde, sob sua gestão no início da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), atingiu o porcentual de ótimo/bom de 79% na avaliação da população brasileira, segundo o Datafolha.



Porém, em pesquisa recente realizada pelo mesmo instituto mostrou que a gestão da pandemia é vista pelos entrevistados como péssima/ruim para 39%, contra 29% que avaliam as políticas de enfrentamento à crise como ótimo/bom.


Ou seja, em âmbito nacional, o ministro tem uma projeção maior do que na sua cidade. Sobre ser encarado como uma terceira via contra a polarização, o ex-ministro falou ao Correio do Estado que, sim, pode concorrer à eleição, porém afirmou que essa decisão não é pessoal, mas, sim, se houver um consenso entre seu partido e possíveis aliados. 


Já sobre a pesquisa local, Mandetta afirmou que, apesar de ser um baixo índice, o número é positivo, pois ele aparece atrás de dois homens que estão há 30 anos na política.


“Ser a primeira opção atrás dos extremos que navegam há muito tempo no cenário político nacional é muito bom, pois tenho o maior potencial de crescimento. Vamos lutar pelo que acreditamos. Nem Lula nem Bolsonaro, os dois são iguais. Quero um homem centrado e sensato para a condução do País”, projetou.  


Ao ser perguntado se ele seria essa figura e como fazer uma construção para tentar quebrar essa polarização, na qual já ocorreu em 2018 e viabilizou a candidatura do atual presidente, Mandetta afirmou que essa polarização só ajuda os dois extremos, e o País só tende a perder caso continue nesse cenário. 


“Caminho é longo. O importante é o caminho. A caminhada vem após todos estarem prontos. Estamos dialogando, e o diálogo vai nos diferenciar desses extremos que querem impor apenas suas agendas ideológicas”, revelou.


CHE GUEVARA

Para concluir o raciocínio, o integrante do Democratas, que sempre navegou no espectro da direita, parafraseou a frase: 


“Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”, que foi proferida por uma das mais importantes figuras da esquerda internacional, e ex-guerrilheiro Ernesto Guevara de la Serna, o Che Guevara. “O tempo dirá, O importante é não perder a ternura”, salientou.  


Esse é um sinal de que Mandetta se posiciona como uma das figuras que pretende aglutinar o chamado centro-democrático, que pode reunir figuras de direita, como João Amoedo (Novo) e Álvaro Dias (Podemos), além dos políticos da esquerda, como o também ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e Flávo Dino (PCdoB). 


Além disso, para tentar fugir da ideia de que ele seria um homem da centro-direita brasileira, o ex-ministro rechaçou o termo e afirmou que esses rótulos só atrapalham o cenário político atual.


“Eu sou um médico de 56 anos e produtor rural, trabalhei no Sistema Único de Saúde (SUS), bem como sou fazendeiro. Ou seja, nós políticos, a imprensa, entre outros expoentes da opinião pública temos a mania de rotular as figuras públicas, tentar encaixá-los em alguma bolha ideológica. 


A esquerda sempre demonizou os produtores rurais, já a direita, os índios. Eu busco o caminho de conviver entre os dois lados, que têm seus interesses, e é nosso dever achar um consenso para que todos fiquem satisfeitos, é dessa forma que penso a política”, concluiu.


PESQUISA

A pesquisa foi realizada em Campo Grande, nos dias 11 e 12 de março. Ao todo, 315 pessoas foram entrevistadas. No cenário principal, com todos os pré-candidatos, além de Bolsonaro (29,84%) e Lula (26,35%), aparece também Luiz Henrique Mandetta (DEM), que tem 3,49% da preferência do eleitor da Capital.  


Ex-ministro da Justiça, ex-juiz da Lava Jato e autor de uma das condenações de Lula Sergio Moro (sem partido) tem 2,86% da preferência do eleitorado. Aparece na sequência neste cenário – em que são colocados todos os nomes que despontam para a disputa presidencial – o apresentador da Globo Luciano Huck (sem partido), com 1,27%. 


Ele tem a mesma pontuação de Ciro Gomes (PDT). João Amoêdo (Novo) tem 0,95% e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), teve a preferência de 0,32% do eleitorado de Campo Grande. Alvaro Dias (Podemos) não pontuou.


Com informação do Portal Correio do Estado

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