segunda-feira, 29 de março de 2021

Ernesto cai por seus erros,mas, principalmente, pelos de Bolsonaro

 

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                                              Foto: Gustavo Magalhães (MRE).


O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, precipitou seu destino e, ao atacar a senadora Kátia Abreu (PP-TO) no domingo (28), conseguiu perder o apoio até de bolsonaristas no Parlamento. Ernesto cometeu seus erros, listados em uma carta apócrifa dos diplomatas do Itamaraty, na qual eles classificam a condução do chanceler como “amadora, despreparada e personalista”. Nada disso, no entanto, é novidade em Brasília. O elemento novo é a fragilidade do presidente Jair Bolsonaro, encurralado pela estratégia que ele próprio desenhou de combate ao coronavírus


Bolsonaro insistiu na dicotomia entre saúde e economia, apostou na imunidade de rebanho e achou que, ao final, a crise se resolveria sozinha e ele poderia creditar aos governadores qualquer fracasso da sua gestão. Mas a crise se prolongou para além de todas as expectativas e, agora, o presidente tenta emplacar uma nova fase sem perder o apoio dos ideológicos que os sustentaram até aqui. Os mais de 300 mil mortos pelo coronavírus começam a pesar sobre as suas costas, e o Centrão aproveita-se desse momento de fragilidade para avançar nas suas demandas. 


O primeiro alvo foi Ernesto Araújo. Mas assim como um tubarão que sente o sangue na água, parlamentares desse grupo só vão parar quando se sentirem saciados. O ataque já se estende ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por conta do desgaste internacional causado pelo desleixo no combate ao desmatamento. Chegará ao Ministério da Educação, de Milton Ribeiro, e até mesmo ao de Infraestrutura, do até há pouco tempo queridinho Tarcísio de Freitas. O “erro” de Freitas? Estar à frente de uma pasta com capacidade de investir e entregar obras.


Um presidente fragilizado interessa mais ao Congresso, que se fortalece na sua omissão, do que um impeachment, que entregaria o Palácio do Planalto ao general Hamilton Mourão. Resta saber, apenas, até quando o Centrão consegue permanecer na base aliada de Bolsonaro sem que o dano à imagem do presidente respingue nos parlamentares também.

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