Mesmo com redução do volume global de gás natural distribuído, empresa teve resultado positivo
Ricardo Campos Jr
A MSGás obteve o maior lucro da sua história em 2020. Balanço financeiro publicado na edição de ontem do Diário Oficial do Estado mostra que o resultado da estatal entre janeiro e dezembro do ano passado somou R$ 84.480 milhões, o dobro do que foi contabilizado no mesmo período de 2019: R$ 42.325 milhões.
A empresa está em vias de ser privatizada, e os estudos para que o governo de Mato Grosso do Sul venda o controle da companhia estão sendo realizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo escritório de projetos do governo.
O presidente da companhia, Rui Pires, disse ao Correio do Estado que houve aumento de mais de 550 unidades consumidoras, superando a marca de 10 mil clientes e fazendo frente a redução no volume global distribuído, que, afetado pela crise econômica, despencou 15% em relação ao ano retrasado, totalizando 1,13 milhão de metros cúbicos diários.
Em nota anexada às planilhas contábeis, a MSGás afirma que essa queda foi motivada principalmente pelo baixo desempenho termelétrico.
O consumo não térmico, que engloba clientes dos segmentos residencial, comercial, cogeração, automotivo e industrial, também sentiu as consequências negativas impostas pela pandemia e registrou o volume de 551.797 m³/dia, configurando uma retração de 5,1% quando comparado ao ano anterior.
Somente o segmento industrial retraiu 4,8%, com o volume anual registrado de 530.710 m³/dia, em razão da diminuição do processo produtivo de algumas indústrias em virtude da pandemia, de paradas programadas definidas nos contratos e de necessidades técnicas.
Já o segmento residencial registrou aumento de 8,6%, representado no volume de 3.405 m³/dia, crescimento motivado pelo incremento de clientes e pelo comportamento das pessoas, que, para manter o isolamento social ou economizar nas finanças, passaram a cozinhar mais em casa.
O segmento automotivo, que havia se recuperado em 2019, encerrou 2020 com o volume de 9.347 m³/dia, representando uma retração de 16,1%.
“Apesar de 2020 ter sido um ano atípico, tivemos um resultado muito positivo, conforme mostram os nossos resultados. Em toda a nossa história, foi o melhor. Foi uma virada muito grande, nós crescemos muito”, disse Pires à equipe de reportagem.
Segundo ele, desde sua criação em 1988, a Companhia de Gás do Estado de Mato Grosso do Sul só apresentou prejuízos até 2014, quando a situação financeira começou a mudar e as contas começaram a ficar no azul. “A partir de 2015, nós começamos a conseguir pagar os dividendos [parcela dos lucros dividida entre os acionistas] para os nossos investidores”, explicou o presidente.
Em 2018, a MSGás teve lucro de R$ 13 milhões, passando para R$ 41 milhões em 2019.
Pires afirma, por outro lado, que esses resultados também foram favorecidos por algumas receitas não esperadas, e por isso o lucro deste ano não deve dobrar como aconteceu nos dois últimos, embora haja expectativa de crescimento.
“A nossa rede continua aumentando. Estamos com mais de 370 quilômetros, somente este ano já foram implantados 22 quilômetros. Com relação à crise, sentimos bastante o impacto da redução do consumo junto aos clientes da indústria e do comércio, mas houve um crescimento entre os usuários residenciais, embora o montante seja pequeno”, afirma.
O grande diferencial do ano passado, segundo Pires, foi que os maiores clientes da MSGás hoje são exportadores, e a alta do dólar favoreceu as vendas para o exterior, gerando retornos financeiros positivos para a estatal.
“E a nossa perspectiva até o fim do ano é bastante positiva, especialmente com a instalação de uma nova planta de beneficiamento de celulose em Ribas do Rio Pardo”, conclui o presidente da MSGás.
Com informação do portal Correio do Estado
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