quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Filme : O Jovem Ahmed

Cine Web


Donos de duas Palmas de Ouro, os belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne ganharam um prêmio de direção em Cannes 2019 ao entraram em terreno arriscado ao compor, no drama O Jovem Ahmed, o relato da radicalização de um adolescente europeu e muçulmano, Ahmed (Idir Ben Addi).

 

Filho de uma família em que o pai está ausente – não fica claro o motivo -, Ahmed cai sob a influência de um imã fanático (Othmane Moumen), que o influencia no sentido de exacerbar sua crença muçulmana, tomando como exemplo um primo do rapazinho que se tornou “mártir”, ou seja, se auto-imolou. 

 

Influenciado por estes modelos masculinos tóxicos, Ahmed muda seu comportamento, adotando uma interpretação radical do Alcorão. Assim, passa a recusar apertar a mão da professora (Myriem Aki-Eddou) – porque é uma mulher - e xingar a mãe (Claire Bedson) por beber vinho. Um dia, ele decide esfaquear a professora, uma muçulmana mais liberal.

 

Em tempos em que a Europa se preocupa com ataques terroristas e ainda não resolveu como lidar com a radicalização de parte de seus cidadãos, o filme dos Dardenne cai como um petardo, apesar de usar de toda a delicadeza possível e não ser, talvez, ousado formalmente como outras de suas produções. A indagação assumida dos diretores é questionar porque têm fracassado todos os esforços para conter essa onda de fanatismo. Professores, pais, amigos, assistentes sociais, psicólogos e outros, por mais que tentem, não encontram meios eficientes para romper o bloqueio que Ahmed ergueu em torno de si, fechando-se na intolerância. É o tipo do filme que vai dar o que falar, embora os Dardenne não se desviem de sua habitual via humanista.


Neusa Barbosa

Ficha técnica

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