sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Ex-presidente do Paraguai e dono do Shopping China viram réus na Lava Jato

GLAUCEA VACCARI, COM ESTADÃO CONTEÚDO



O ex-presidente do Paraguai, Horacio Cartes, o empresário Felipe Cogorno Alvares, dono do Shopping China, uma das maiores redes de lojas nas cidades de fronteira do Paraguai com o Brasil, Dario Messer, conhecido como o “doleiro dos doleiros”, e outras 16 pessoas viraram réus pelos crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, organização criminosa e formação de quadrilha. Juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, aceitou a denúncia da Procuradoria federal contra o grupo, investivado em fase da Operação Lava Jato.

De acordo com Bretas, autoria e materialidade dos crimes foram minimamente delineadas. "O que se afere do teor da documentação que instrui a exordial, razão pela qual considero haver justa causa para o prosseguimento da ação penal", diz o juiz na decisão.

Os réus são investigados no âmbito da Operação "Câmbio, Desligo", fase da Lava Jato no Rio deflagrada em maio de 2018 com a expedição dos mandados de prisão de 50 doleiros, dentre eles Dario Messer, o "doleiro dos doleiros", e da Operação Patrón, que mirou, entre outros, o ex-presidente paraguaio.

As investigações identificaram que Messer ocultou cerca de 20 milhões de dólares. Desse montante, mais de US$ 17 milhões teriam sido alocados em um banco nas Bahamas e o restante pulverizado no Paraguai entre doleiros, casas de câmbio, empresários, políticos e uma advogada.


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Dono do Shopping China teria ocultado 500 mil dólares do doleiro. Decisão de Bretas diz que, em junho de 2018, quando estava foragido, Messer mandou uma carta ao ex-presidente do Paraguai pedindo o valor para cobrir gastos jurídicos.

Segundo a Polícia Federal, o nome da Operação, Patron, espanhol para "patrão" é o termo que Dario Messer utilizava para se referir a Cartes.

Dario Messer só foi preso em 31 de julho de 2019, quando foi localizado em São Paulo, no endereço residencial vinculado a sua namorada, Myra Athayde.

O magistrado federal ainda declinou parte da investigação para a Polícia Federal em São Paulo com relação a operações de câmbio irregulares realizadas por representantes da Entertour Câmbio e Turismo Ltda., assim como a possível lavagem de dinheiro da Najun Azario Flato Turner e identificação do paradeiro dos seus recursos que foram ocultados com o falecido Alexandre Sergio Soares Camargo.

Bretas também encaminhou investigação para a PF em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, sobre a existência de suposta associação ao tráfico de drogas pelos membros da Família Mota e a decorrente lavagem de dinheiro proveniente desses crimes.

Por fim, o juiz federal autorizou o compartilhamento das informações com as autoridades policiais e fiscais da Argentina, para o prosseguimento da investigação em cooperação policial internacional. Para Bretas, as autoridades argentinas poderão ajudar a identificar o possível doleiro utilizado pelo Grupo Hoteleiro Rochester.

A reportagem busca contato com os citados, mas não obteve retorno até esta publicação.

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