terça-feira, 26 de abril de 2022

Humanidade enfrenta 'espiral de autodestruição', adverte ONU

 

                                            Foto; Divulgação

AFP

A ação humana sobre o clima contribui para o aumento das catástrofes no mundo, adverte a ONU, pedindo que se detenha essa "espiral de autodestruição" que a humanidade enfrenta.


Em um novo relatório que será publicado nesta terça-feira (26), o Escritório das Nações Unidas para a Redução dos Riscos de Catástrofes destacou que estes aumentam rapidamente no mundo devido às mudanças climáticas, provocadas pelas ações humanas e por uma gestão de riscos inadequada.



O informe revela que entre 350 e 500 catástrofes de média e alta magnitude ocorreram a cada ano nas últimas décadas.


O custo destas catástrofes alcançou, em média, cerca de 170 bilhões de dólares ao ano na última década.


O número de catástrofes, inclusive episódios de seca, temperaturas extremas e inundações, deveria aumentar para 560 a cada ano, ou seja, 1,5 ao dia, até 2030, pondo em risco as vidas de milhões de pessoas. Em 2015, foram registradas 400.


"O mundo deve fazer mais para integrar o risco de catástrofe na nossa forma de viver, construir e investir", ressaltou a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, na apresentação do relatório.


A encarregada chamou a comunidade internacional à responsabilidade e tirar a humanidade dessa "espiral de autodestruição".


"Devemos transformar nossa complacência coletiva em ação. Juntos, podemos reduzir o ritmo dos desastres que podem ser evitados", acrescentou.


O informe lamenta que o mundo tenha uma percepção errônea dos riscos relacionados com as catástrofes naturais e atribui isso a que os riscos são subestimados e a sentimentos de "otimismo" e "invencibilidade".


O documento indica que o alcance e a intensidade das catástrofes aumenta e que o número de pessoas mortas e afetadas pelas catástrofes foi maior nos últimos cinco anos do que nos cinco anteriores.


As catástrofes têm um impacto desproporcional nos países em vias de desenvolvimento, que perdem, em média, 1% de seu PIB ao ano por causa destes eventos, contra 0,1% a 0,3% nos países desenvolvidos. O custo mais alto se dá na região Ásia-Pacífico.


Desde 1980, apenas 40% das perdas relacionadas às catástrofes estavam asseguradas e as taxas de cobertura nos países em desenvolvimento são inferiores a 10% - às vezes beirando zero -, o que agrava as consequências a longo prazo destes desastres.


"As catástrofes podem ser evitadas, mas só se os países investirem o tempo e os recursos necessários para compreender e reduzir os riscos", afirmou Mami Mizutori, representante especial do secretário-geral para a redução dos riscos de catástrofe.


"Ao ignorar de forma deliberada os riscos e ao não integrá-los no processo de tomada de decisões, o mundo está financiando sua própria destruição", acrescentou.


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