segunda-feira, 25 de abril de 2022

De erosão a asfalto esburacado, Avenida Ernesto Geisel continua sem solução

 


O custo total das obras de revitalização na via da Capital estava estimado em R$ 57,7 milhões, mas deverá ter um reajuste

THAIS LIBNI


Não é de hoje que a Avenida Ernesto Geisel apresenta problemas em sua infraestrutura, com a malha asfáltica degradada, enchentes, lixo e desmoronamentos, o estado da via não é dos melhores e o poder público não tem previsão de quando a avenida será revitalizada. 


Enquanto isso, os campo-grandenses aprendem a conviver com a difícil situação.  


Atualmente a Ernesto Geisel conta com dois desmoronamentos em decorrência do período de chuvas, sendo um em frente ao Ginásio Guanandizão, onde parte da via está interditada desde 2021, devido ao assoreamento que tem engolido cada vez mais parte do asfalto.


Conforme o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Rudi Fiorese, o ponto tem sido monitorado e está estabilizado.  


“Aquilo ali já faz um tempo, está estabilizado, para fazer uma intervenção é preciso que as chuvas parem, porque durante as chuvas pode ficar pior a situação. Estamos monitorando, e acredito que na segunda quinzena de maio poderemos mexer no local”, afirmou Fiorese.


Segundo o secretário de infraestrutura, o assoreamento não evoluiu nos últimos meses, no entanto, a reportagem do Correio do Estado realizou uma comparação com registros feitos em outubro do ano passado e abril deste ano e pôde constatar que a situação evoluiu.  


O segundo ponto de desabamento da avenida está localizado em frente ao Centro Belas Artes, no local compreendido entre as ruas Carupaití e Plutão, no bairro Cabreúva, região central de Campo Grande. Por três vezes, o ponto descrito sofreu com desmoronamento.  


A cratera surgiu quando o muro de contenção cedeu pela primeira vez em novembro de 2021. A segunda vez ocorreu no dia 27 de janeiro, por uma infiltração devido ao escoamento da água da chuva.  


As obras deveriam durar 30 dias, mas não foram concluídas e o local voltou a ceder por uma terceira vez em 11 de março deste ano.  


Nesta situação em questão, Rudi Fiorese afirmou que as obras de reparo do ponto devem ser concluídas nas próximas duas semanas.  


“Estamos trabalhando no reparo deste ponto da avenida há alguns dias, e tivemos muito êxito. Ali agora é só terminar o aterramento, devemos concluir entre esta semana ou na próxima”, declarou. 



OUTROS PROBLEMAS

Considerada uma das principais vias de Campo Grande, o local se tornou um verdadeiro depósito de restos de móveis, pneus, sacos de lixo e entulhos de construções.  


O trecho, próximo a um dos shoppings da Capital, assusta quem passa pelo local.  


O cenário é de abandono, com lixo por todos os lados, matagal alto e paredões de contenção para enchentes do Rio Anhanduí inacabados.  


A comerciante Geisa Mara dos Santos, de 44 anos, já perdeu suas esperanças quanto à melhoria do local.


“Eu tenho minha conveniência aqui há 20 anos, fiquei contente com o início das obras de revitalização, pensei que fosse a respostas para os problemas que tínhamos aqui, mas foi totalmente contrário ao que eu esperava, só ficou pior, as obras só ficam paralisadas e agora com entulhos”, relatou ao Correio do Estado.


Além do lixo, a população também reclama do asfalto degradado da via.  


“Eu vejo anúncio de recapeamento em vias da Capital, mas esqueceram da Ernesto Geisel, a avenida está totalmente remendada, em péssimo estado”, disse um motorista à reportagem.  


REVITALIZAÇÃO

A promessa de revitalização da Avenida Ernesto Geisel existe há anos em Campo Grande. Em janeiro de 2012 a empresa Engepar Engenharia e Participações foi a vencedora do certame para obras de manejo de águas pluviais no Córrego Anhanduí pelo valor de R$ 47,4 milhões.


Pouco tempo depois, em outubro de 2013, o temor pela falta de pagamento fez com que a empreiteira desistisse das intervenções, no decorrer da gestão do prefeito Alcides Bernal (PP).


Durante os quatro anos seguintes, a obra ficou paralisada, até que em 2018 os trabalhos foram retomados. O percurso atravessa os bairros Coophamat, Taquarussu, Jacy e Marcos Roberto.


O projeto prevê a construção de paredões de gabião para proteger as margens da erosão e evitar o transbordamento do rio, além de drenagem, ciclovia, urbanização e recapeamento das pistas.


De acordo com o titular da Sisep, 60% da obra já foi executada. Quando questionado sobre a conclusão total das intervenções, Fiorese não soube dizer o prazo necessário para a finalização da obra, em razão dos atrasos nos repasses.  


A licitação que escolheu a empresa vencedora para a obra é de 2018, na época, conforme a publicação do Diário Oficial de Campo Grande (Diogrande), a Gimma Engenharia executaria a revitalização na Ernesto Geisel entre a rua Santa Adélia e Abolição com o custo de R$ 13,1 milhões.  


 

Esse valor sofreu uma alteração e em 2020 teve aumento de R$ 627,7 mil, com o custo final deste lote da obra passando para R$ 13,7 milhões. Esse trecho, segundo Fiorese, foi o único a ser concluído.


Já em relação aos outros dois lotes, que ficaram a cargo da Dreno Engenharia, chegaram a sofrer aditivos, mas, mesmo assim, o encarecimento dos materiais de construção fez com que o aumento necessário ficasse alto e a opção mais viável fosse uma relicitação.


Os dois trechos executados pela Dreno Engenharia tiveram o valor de seus dois contratos reajustados em 2019. Um deles passou dos R$ 13,4 milhões iniciais para R$ 14,8 milhões, e outro passou de R$ 21,9 milhões para R$ 24,6 milhões.  


Ao todo a obra tinha previsão de custar R$ 57 milhões, dos quais R$ 47 milhões serão do governo federal e outros R$ 10 milhões vindo de contrapartida da Prefeitura de Campo Grande.  


Desse valor, já foram destinados cerca de R$ 32 milhões para as empreiteiras.


A previsão é de que a obra seja relicitada no segundo semestre de 2022, podendo ser iniciada em 2023 e finalizada em 2024, caso siga o cronograma informado pelo secretário de Infraestrutura.


“Não iniciamos a licitação ainda, porque o processo de rescisão de contratos com a empreiteira ainda não foi feito. A previsão é de que até o final do ano realizemos essa licitação, a partir do novo contrato assinado, as obras devem durar um ano, não temos estimativas de valores ainda”, esclareceu Fiorese.


Com informação do Portal Correio do Estado

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