No médio prazo, a garantia de entrega de fertilizantes, assegurada tanto pelo governo como pelas empresas russas, traz segurança para a manutenção da boa produtividade nas próximas safras brasileiras. Esta é a análise do diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sergio De Zen.
O cumprimento dos contratos de fornecimento de fertilizantes para o Brasil foi ratificado em reunião realizada, na semana passada, entre a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, e autoridades do governo russo, além de representantes de empresas dos insumos daquele país.
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“O Brasil depende de insumos importados para manter a produtividade. Então, o principal objetivo foi o pacto dos fornecedores de que eles irão cumprir os contratos, e a garantia de que farão novos acordos assegurando o fornecimento nas próximas safras. Um compromisso com o principal fornecedor desses fertilizantes é importante para termos segurança de que vamos ter o insumo para poder manter a produtividade, e isso é fundamental para a segurança alimentar do Brasil e dos países que dependem do alimento brasileiro”, destaca De Zen.
A Rússia representa cerca de 20% do total de fertilizantes importados pelo Brasil. Recentemente, o governo russo anunciou restrições às exportações dos produtos nitrogenados por meio de cotas de exportação pelo período de seis meses a partir de 1º de dezembro, com o objetivo de evitar escassez no mercado interno. Segundo o diretor da Conab, mesmo que haja atraso nas entregas dos insumos o impacto na safra pode ser mitigado. “Desde que seja planejado isso não deve influenciar na produção. Vale destacar que esse impacto poderia acontecer não na 2ª safra de milho 2021/22, e sim na safra 2022/23, pois o grão, embora seja plantando com fertilizantes, aproveita muito o resíduo da soja. Então, a quantidade de fertilizantes que se utiliza na 2ª safra é menor do que no cultivo da oleaginosa ou do milho 1ª safra.”
Conforme o último Boletim Logístico divulgado pela Conab, entre janeiro e setembro deste ano o Brasil importou 29,1 milhões de toneladas da categoria de insumos, entre adubos e fertilizantes. O volume representa um acréscimo de cerca de 20% em relação ao mesmo período de 2020, quando foi registrada a compra de 24,6 milhões de toneladas.
Mercado de carne – Além do compromisso na manutenção dos contratos de fertilizantes para o Brasil, o governo russo também acenou para um aumento na importação de carnes ao abrir, por seis meses, uma cota de 300 mil toneladas (200 mil toneladas de carne bovina e 100 mil toneladas de carne suína) com isenção tarifária. “A economia russa tem uma forte dependência de exportação de petróleo e de minerais. Como o mercado está bastante aquecido, temos uma oportunidade de crescimento de exportação porque os russos estão com renda melhor. Então cria-se a oportunidade de um ciclo virtuoso”, reforça o diretor da Companhia.
Até outubro deste ano, o Brasil já exportou para a Rússia 22 mil toneladas de carne bovina, 3,8 mil toneladas de suína e 87 mil toneladas de aves.
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