Usando dados reciclados de um telescópio espacial aposentado pela NASA em 2018, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), nos Estados Unidos, conseguiram identificar de uma só vez 366 novos exoplanetas em 18 sistemas planetários inéditos. As descobertas incluem uma estrela e pelo menos dois enormes planetas gasosos do tamanho de Saturno, orbitando de uma forma inusitadamente próxima.
Utilizado genericamente para referenciar os planetas existentes fora do nosso sistema solar, o termo "exoplanetas" serviu até agora para identificar menos de 5 mil desses corpos espaciais. Por isso, a descoberta dos astrônomos da UCLA se reveste de importância especial, pois, além de fornecer pistas sobre a formação dos planetas e a evolução das órbitas, o estudo pode fornecer novos insights sobre o sistema planetário no qual habitamos.
A pesquisa foi publicada em 23 de novembro na revista científica The Astronomical Journal. Seu principal autor, Jon Zink, desenvolveu um novo algoritmo de detecção de planetas que é capaz de distinguir se as reduções do brilho estelar se referem ao instrumento óptico utilizado ou a uma fonte astrofísica que imita uma assinatura planetária, ou seja, o algoritmo de Zink separa quais sinais são de planetas e quais são apenas ruídos.
Redescobrindo as observações do Kepler
Uma falha mecânica ocorrida no sistema giroscópico do Telescópio Espacial Kepler em maio de 2013, que impedia que a sonda continuasse a apontar para o pedaço de céu que vinha observando desde 2009, fez com que a NASA desistisse do conserto e pedisse à comunidade científica que apresentasse pesquisas alternativas capazes de utilizar as últimas duas rodas ainda em bom estado para reação e propulsão.
Em 18 de novembro de 2013, foi formulada a alternativa K2, ou "Luz Secundária", pela qual os astrônomos redirecionaram o Kepler para identificar exoplanetas próximos a estrelas mais distantes. Porém, o software usado pela missão original não deu conta de lidar com as complexidades demandadas pela nova tarefa, principalmente a mensuração do tamanho dos planetas e a sua localização em relação à sua estrela.
Agora, esse conjunto de dados do K2, que envolve cerca de 500 terabytes abrangendo mais de 800 milhões de imagens de estrelas, foi utilizado no atual estudo, para criar uma espécie de catálogo, que será incorporada em breve ao arquivo mestre de exoplanetas da NASA. No trabalho, os pesquisadores usaram o Hoffman2, também da UCLA, que é hoje o maior cluster compartilhado do mundo.
O catálogo elaborado pelos pesquisadores, e apresentado junto com as medições de integridade e confiabilidade propiciadas pelo algoritmo, permitirá que esses estudos de exoplanetas possam ser feitos de uma forma mais rápida e fidedigna em todos os campos observados na missão K2, do Observatório Kepler, pela primeira vez.
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