Ex-ministro da Saúde busca em movimentos cívicos ideias para plano de governo que sirva de cartões de visitas para candidatura em 2022
Por Redação Jornal de Brasília
Enquanto os partidos de centro seguem em busca de um nome que reúna apoios e represente a almejada “terceira via” contra a polarização Lula-Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta estuda. Desde junho, o presidenciável do DEM promove seminários com especialistas por área e tem se aproximado de movimentos cívicos para conhecer melhor os problemas do País e apresentar soluções. A meta é criar um “Plano Nacional de Reparação” para o pós-pandemia que sirva de cartão de visitas para uma candidatura a presidente ou vice.
Em dois meses, a equipe de Mandetta organizou quatro reuniões – a próxima está marcada para ocorrer semana que vem e terá como tema Segurança Pública. Em cada encontro, o convidado da vez apresenta uma espécie de panorama da área e debate projetos que ecoam na sociedade civil.
O primeiro deles foi comandado pelo professor de práticas sociais Marcelo Garcia, ex-secretário nacional de Assistência Social no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso. Um dos nomes mais respeitados no setor, ele defende a candidatura de Mandetta e a construção de um projeto social que tenha a distribuição de renda como base de um processo amplo de combate à pobreza.
“Tenho discutido com o ministro, na figura de consultor do DEM, um programa robusto de combate à pobreza que ajude as famílias a superarem diversos obstáculos, como a ausência de educação, de formação profissional, de habitação digna, de renda. Acredito que num governo do Mandetta ele possa organizar essa espécie de trilha social para cada família. O foco não será só a transferência de renda, que segue sendo um ativo fundamental, mas não vamos fazer a gestão diária da pobreza e sim garantir a sua superação de forma sustentável”, afirmou Garcia.
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O conteúdo assimilado é explorado em entrevistas e debates, como na segunda edição da série Primárias, realizada pelo Centro de Liderança Pública (CLP) em parceria com o Estadão no dia 12. Ao lado do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também presidenciáveis, Mandetta discutiu temas importantes do País que fogem de sua experiência profissional. Médico, o ex-ministro abordou propostas para a educação pública, por exemplo, e citou números do Pisa, o maior programa de avaliação de alunos no mundo.
Semanas antes, Mandetta teve uma reunião com representantes do Todos pela Educação, uma das principais organizações da sociedade civil que se dedica ao tema, para tratar de políticas de curto prazo (como retorno às aulas presenciais) e de médio e longo prazos, mais estruturantes.
“Como o ‘Todos’ é dedicado a estudar essa visão sistêmica e suas partes, boas experiências e o sequenciamento necessário de implementação, é um ótimo sinal que candidatos nos procurem para melhorar seus programas educacionais”, disse a presidente executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, que já se reuniu com outros presidenciáveis, como Ciro, Leite e João Doria.
“Temos bom diálogo também com Fernando Haddad e governadores aliados ao ex-presidente Lula, como Wellington Dias (PT-PI) e Flávio Dino (PSB-MA). Além disso, firmamos parcerias com nove fundações partidárias de amplo espectro”, afirmou.
Ao Estadão, Mandetta disse ter feito, no mínimo, dois a três encontros mensais com a bancada do DEM para discutir educação, economia, saúde e outros temas que contribuam para formular e apresentar propostas. O conjunto de propostas será compilado no “Plano Nacional de Reparação”, que, em breve, será aberto a contribuições por meio de uma plataforma digital.
“O DEM está muito vivo. O partido todo sabe dessa minha participação, o partido todo concorda, não tive voz dissonante. Agora, o partido não está ainda no momento de fazer a deliberação. Isso será bem lá na frente quando formos falar de convenção. Enquanto isso, vamos fazendo a pré-campanha”, disse Mandetta.
O primeiro ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro, que deixou o cargo em abril do ano passado por divergências relacionadas ao combate à pandemia pelo governo federal, reafirmou que aceitaria ser candidato a vice numa composição que reúna partidos do centro. O DEM só disputou a Presidência da República em 1989 – na época, o partido ainda se chamava PFL. Aureliano Chaves teve 0,9% dos votos.
Além de se colocar como nome viável dessa “terceira via”, Mandetta tem aos poucos buscado atrair os órfãos do lavajatismo, que tinham no ex-juiz Sérgio Moro, seu colega de ministério, um representante no combate à corrupção. O plano de Mandetta também passa por levantar essa bandeira, que foi abandonada por Bolsonaro e é uma espécie de calcanhar de aquiles para o PT.
Estadão Conteúdo
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