quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Comissão de Ética abre caminho para a volta de Rogério Caboclo à CBF

 G1

A Comissão de Ética do Futebol recomendou nesta terça o afastamento por 15 meses do presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Rogério Caboclo, por "atitude inapropriada''. O dirigente, que já cumpriu quase três meses da pena, foi denunciado em maio por assédio moral e assédio sexual por uma funcionária da entidade, mas a comissão anunciou a punição com base apenas em "atitude inapropriada".


A punição sugerida pela comissão a Caboclo revoltou os dirigentes de federações. Eles acreditam que se trata de uma estratégia da diretoria para manter Antônio Carlos Nunes, o Coronel Nunes, na presidência. Já Caboclo disse receber a decisão "com tranquilidade", mas considerou o afastamento "injusto e ilegal" e prometeu recorrer.


A decisão da Comissão de Ética não é definitiva, uma vez que precisa ser ratificada pela Assembleia Geral, composta pelos 27 presidentes das federações estaduais, que ocorrerá na próxima semana. Se a pena for mantida, Caboclo voltará ao cargo em setembro de 2022 e dificilmente poderá concorrer à reeleição, já que a eleição da entidade para o mandato que começará em 2023 deve acontecer em abril de 2022.


Irritados com a decisão da comissão, alguns presidentes de federações ouvidos, informaram que pretendem absolver Caboclo, o que faria com que o dirigente voltasse imediatamente à presidência. Segundo esses dirigentes, se o parecer da Comissão de Ética dá ao presidente a chance de retornar ao cargo antes do fim do mandato, que acaba em abril de 2023, é melhor que ele volte de imediato.


Inicialmente, a recomendação da Comissão de Ética foi de 12 meses de afastamento. Quando os integrantes da comissão foram avisados de que Caboclo já cumpriu três meses, eles aumentaram a pena para 15 meses. Caboclo é investigado pela Comissão de Ética em outros dois processos - um por assédio moral e sexual e outro por assédio moral.



Logo após a reunião, alguns presidentes de federações começaram a protestar contra a decisão. Gustavo Feijó, vice da CBF, e o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, discutiram rispidamente nos corredores da confederação.


Mais cedo nesta terça, Caboclo conseguiu no Centro Brasileiro de Mediação de Arbitragem (CBMA) suspender a assembleia marcada inicialmente para amanhã. Ela ocorrerá na próxima semana, em data a ser divulgada.


A denúncia contra Caboclo


No dia 4 de junho, uma funcionária da CBF protocolou denúncia de assédio sexual e moral contra Rogério Caboclo. O documento foi entregue à Comissão de Ética da CBF e à Diretoria de Governança e Conformidade.


Entre os fatos narrados por ela, estão constrangimentos sofridos por ela em viagens e reuniões com o presidente e na presença de diretores da CBF. Na denúncia, a funcionária detalha o dia em que o dirigente, após sucessivos comportamentos abusivos, perguntou se ela se "masturbava" - o áudio desta conversa foi revelado pelo Fantástico em 6 de junho. Entre outros episódios, segundo a funcionária, Caboclo tentou forçá-la a comer um biscoito de cachorro, chamando-a de "cadela".



Dois dias depois da denúncia, em 6 de junho, Caboclo foi afastado da presidência da CBF por 30 dias, por determinação da Comissão de Ética do Futebol Brasileiro. Na ocasião, a entidade informou que o processo seguiria em sigilo. O presidente afastado nega as acusações. Em 3 de julho, a Comissão renovou o afastamento de Caboclo por 60 dias, até o fim da investigação, cujo parecer foi divulgado nesta terça.


Na semana passada, mais uma funcionária da CBF denunciou Caboclo, desta vez por assédio e agressão. A Comissão de Ética abrirá uma nova investigação. A Assembleia Geral votará somente o parecer da comissão sobre a primeira denúncia.


Leia a nota de Rogério Caboclo sobre a decisão:


“Recebo com tranquilidade a decisão da Comissão de Ética do Futebol. A rejeição da acusação de assédio é correta e era esperada, uma vez que nunca cometi esse ato e minha defesa comprovou minha inocência. Essa decisão mostra o quão ilegal e açodada foi a decisão da mesma comissão de me afastar do cargo antes de abrir espaço para que eu me defendesse.


O afastamento por mais 12 meses, por sua vez, é injusto e ilegal. Trata-se de mais um capítulo da armação do ex-presidente Marco Polo Del Nero, banido do futebol por corrupção, para me tirar da CBF e reassumir o controle da entidade por meio de seus aliados. Minha defesa recorrerá nas instâncias adequadas contra essa punição.”

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