Os custos de produção de frango estão em alta. Segundo a Embrapa Suínos e Aves, o Índice de Custo de Produção (ICP) apresenta aumento de 52,3% nos últimos 12 meses. Um dos principais motivos é a valorização do milho, componente importante da dieta das aves. Agora o que vem preocupando produtores do Paraná, maior produtor nacional, é a quebra da produção da safrinha no Estado.
O Paraná responde por 38% da produção brasileira de frango e é o segundo maior produtor de milho safrinha. As condições climáticas não colaboraram no ciclo 2020/21. Após sofrer com a estiagem, o grão foi pego em cheio pela geada no final de junho e agora pode ter perdas que chegam a 60% a 70% em algumas regiões.
Com ideia de diminuir os impactos negativos que esse cenário traz para a avicultura paranaense, o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) iniciou uma mobilização, por meio de reuniões, para que as empresas do setor realizem contratos com produtores de milho para incentivar o plantio de verão. Ação que já foi iniciada por algumas indústrias.
“Os produtores já fizeram esses seus pacotes tecnológicos para plantar soja, mas, no momento, o milho está rentabilizando mais o agricultor que a oleaginosa. Sendo assim, nós, como setor, estamos conversando para oferecermos um preço, em contratos futuros, que seja estímulo para o produtor plantar o milho em, pelo menos, uma parcela da sua área. Dessa forma, poderíamos ter, no verão, uma boa colheita do grão, e amenizar um pouco a falta desse insumo”, explica o presidente do Sindiavipar, Irineo da Costa Rodrigues.
Além desta ação organizada pelo setor, outras medidas serão necessárias para que haja disponibilidade do grão para a atividade avícola, como a importação do milho de outros países como Paraguai e Argentina. Entretanto, gargalos na logística encarecem esse procedimento. “Nós encontramos uma dificuldade porque nossa logística foi desenvolvida para exportar grãos, não para receber grãos do porto e levar para o interior. Isto terá que vir por caminhões. Além disso, poderá haver congestionamento nos portos pois nesse período estão chegando fertilizantes para a produção da lavoura que será plantada nos meses de agosto e setembro”, alerta Rodrigues.
De acordo com o presidente do Sindiavipar, esta dificuldade no escoamento do milho para o interior do país é um aspecto que preocupa o setor. “Esse é um gargalo que se pudesse ser resolvido a curto prazo melhor, senão, estamos projetando um cenário de muita dificuldade, no qual o custo do frango está aumentando muito, assim como de outras proteínas que têm o milho formando seus custos de produção”, complementa.
Irineo ainda destaca que a resolução desses problemas é positiva também para a economia paranaense. Isso porque a atividade emprega 85 mil pessoas diretamente, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Além disso, o segmento estima que a cada um emprego direto, outros 17 indiretos são gerados. “Isso quer dizer que aproximadamente 10% da população paranaense é impactada direta e indiretamente pela avicultura do Estado do Paraná, que é uma atividade de grande importância”, finaliza.
O objetivo destes debates é encontrar alternativas para a produção avícola até a segunda safra, que ocorrerá somente na metade do próximo ano, entretanto, ela também depende das condições climáticas. “O que precisa, agora, é que as chuvas recomecem no mês de agosto, para que a soja possa ser plantada nos meses de setembro e começo de outubro. Com isso, permitir a colheita e também o plantio de milho fevereiro, e assim ter uma safra mais certa, no mês de junho e julho do próximo ano”, finaliza.
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