Uma tosse persistente deixou a Nathalia Dias desconfiada de que o filho de apenas 5 anos poderia estar com algum problema de saúde mais sério. Após a criança desmaiar na escola em outubro do ano passado, a dona de casa descobriu que Davi estava com câncer, um linfoma. Ela conta que a persistência em investigar os sintomas fez toda a diferença para o diagnóstico precoce. “Os sinais são do dia a dia, às vezes uma dor de cabeça, a gente fala que é coisa de criança, que tá fingindo, mas é bom dar mais atenção para o que eles falam. Às vezes pode ser coisa de criança, mas no caso dele foi muito mais sério, que poderia ter comprometido a vida dele”, lembra. Segundo um estudo da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia e do Observatório de Oncologia, o câncer representa a primeira causa de morte por doença na faixa etária de 0 a 19 anos em todas as regiões do Brasil. São Paulo corresponde a cerca de 24% do total de casos estimados e a 12% dos óbitos no país.
O pesquisador Nelson Correa Netto ressalta que apesar de o estado ter centros de referência para o tratamento, muitos casos são tratados em hospitais com poucos recursos. “10% dos pacientes que nós temos registros de atendimento no Estado de São Paulo foram atendidos em hospitais que não possuem habilitação em oncologia pediátrica. Esse dado chama atenção, justamente porque a gente tem uma proporção significativa das crianças que são atendidos em hospitais que não tem profissionais tão capacitados no tratamento dos cânceres pediátricos”, explica. Dados do Instituto Nacional do Câncer indicam que cerca de 8 mil novos casos entre crianças e adolescentes são registrados todos os anos. Os sintomas, que são parecidos com os de outras doenças, muitas vezes passam despercebidos. O superintendente médico do Hospital do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, Sergio Petrili, ressalta que pais e responsáveis devem ficar atentos a manchas roxas, aumento de volume nas pernas ou barriga e dor de cabeça persistente.
“Essas crianças precisam ser melhor examinadas. Nada que isso seja tudo causa de câncer, muitos desses sintomas são de doenças benignas, mas a gente não pode deixar isso evoluir muito tempo. Se você somar todos os pacientes tratados pelo SUS e pela saúde suplementar, ainda ficam faltando perto de 2 mil crianças a serem diagnosticadas no nosso país e que ainda estão no grupo de doenças que são registradas como causa desconhecida no Ministério da Saúde”, relata. Para esclarecer sobre a importância do diagnóstico precoce, a Instituição lançou uma cartilha para ajudar na conscientização de possíveis sinais do câncer. Apesar de ser uma doença grave, o Ministério da Saúde aponta que cerca de 80% das crianças e adolescentes podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados.
*Com informações da repórter Letícia Santini
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