terça-feira, 15 de outubro de 2019

Conselheiros emocionalmente abalados querem continuar na função

                                         Foto: Izabela Jornada/Correio do Estado

Eleições para eleger os 25 novos conselheiros tutelares que ocorreu no último dia 6 de outubro continua gerando polêmica. A coordenadora do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA), Alessandra Hartmann declarou que o maior problema é que os antigos conselheiros, que não passaram nos testes psicológicos, não querem aceitar que não estão mais em condições de continuarem na função. “Muitos sairam chorando da sala do psicólogo. Isso mostra como não é fácil ser conselheiro, será que não era o tempo de parar mesmo? Porque o conselheiro trabalha o tempo todo com a desgraça alheia”, declarou ela.

A confusão começou após 19 candidatos que estão sub judice, por não conseguirem passar nas etapas, terem entrado com liminares nas vésperas das eleições. “Alguns entraram um dia antes do pleito, com liminar; fizemos reunião e decidimos mudar para urna de lona, de última hora”, justificou Hartmann.

A coordenadora alegou que mais da metade dos 19 foram reprovados nos testes psicológicos. “Alguns saíram chorando da sala, isso mostra como eles não estão mais em condições de continuar”, reforçou. Porém, eles não quiseram aceitar a reprovação. Alguns alegaram que já atuavam no conselho há mais de oito anos.

Um dos casos de candidatos que estão aguardando a decisão da Justiça é o do conselheiro Marcelo Marques de Castro, um dos mais votados dentre os 25 eleitos. Ele já teve a candidatura impugnada na manhã desta terça-feira (15), isso porque Marques responde a um processo que aconteceu em 2016 em que ele teria retirado criança, indevidamente, de um lar. A criança estaria aos cuidados de uma babá, a pedido da mãe, mas o conselheiro não aceitou a justificativa e acabou levando a criança. A mãe entrou na Justiça e conseguiu pegar a criança de volta.

Além de Marcelo, tem também a candidata Liana Maksoud, segunda mais votada, mas que está sub judice porque não passou na primeira etapa das provas de conhecimentos específicos. Pedagoga, Liana não conseguiu alcançar os 17 pontos para seguir para a segunda etapa que era a prova de informática.

Porém, a coordenadora adiantou que não é possível revelar os nomes dos que foram reprovados no exame psicológico porque o laudo é sigiloso. "É uma análise de perfil para ver se o candidato tem condições e não temos acesso a esses laudos".

ANULAÇÃO

Na manhã de hoje, os vereadores receberam a coordenadora da CMDCA para que ela apresentasse justificativas quanto aos problemas apontados no pleito. Novamente as queixas foram abordadas, como as faltas das cédulas, a falta de nomes em listas nos locais de votação, entre outras reclamações.

Hartmann rebateu as queixas com as mesmas justificativas que tinha dito, anteriormente. A coordenadora reconheceu que a comissão errou na distribuição das cédulas, mas voltou a colocar a culpa no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MS) no que diz repeito aos nomes nas listas de votação.

Na ocasião, os vereadores pediram a anulação das eleições, porém a coordenadora disse que isso está fora de cogitação e que a decisão de que seriam eleições feitas por meio de urna de lona foi tomada juntamente com o Ministério Público Estadual (MPEMS) e o TRE.

Hartmann disse que MPE e TRE acataram a decisão de que deveria ser urna de lona, porém, as urnas eletrônicas estavam prontas para serem usadas nas eleições do dia 6. "Trabalho de mais de três meses; não se previa urna de lona, não se previa cédulas", declarou.

Os vereadores alegaram também que a demora em repor as cédulas e a falta de nome nas listas alteraram todo o processo democrático. "Quem ganhou não ganhou e quem perdeu, perdeu", disse o vereador Wellington. Outra indagação do parlamentar é sobre candidato que não estava concorrendo, mas que ganhou nove votos.

Wellington também lembrou da força tarefa que o conselho acabou apelando no momento da apuração de votos. "Deveria fazer conforme a lei, agora tinha de mamando a caducando e todos estavam contando os votos; isso não pode, tem de ter critérios", reclamou ele.

Em contrapartida, Hartmann disse que a comissão estava, na sala de apuração, com muitos fiscais e que foi necessário o pedido de ajuda de voluntários.

Além de pedirem a anulação das eleições, o vereador Odilon de Oliveira Júnior sugeriu que não houvessem mais eleições para escolher os conselheiros tutelares. "Seria bom escolher aqueles que tem especialidades técnicas, isso é maior do que o voto, temos que pensar em alterar essa legislação", citou o vereador ao lembrar que a lei é federal.

COMISSÃO

A coordenadora da CMDCA solicitou aos vereadores que seja criada, na Câmara Municipal de Campo Grande, uma comissão para o funcionamento de um conselho municipal para a criança. "Assim poderemos melhorar o processo eleitoral, ter mais apoio", finalizou.
Com informação do Portal Correio do Estado

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