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A nova incursão da família Addams ao cinema tem algo de novo e, ao mesmo tempo, nostálgico. Ao lado de Os Monstros – que estreou na televisão poucas semanas depois dos Addams, em 1964 –, eles levaram para um lugar diferente os monstros dos filmes clássicos. Aqui, vampiros, bruxas e afins mantinham suas excentricidades, mas delas e das personagens era tirado um efeito cômico - mas, acima de tudo, não eram para crianças. No mais de meio século que separa os originais de hoje, esses monstros – assim como os dinossauros – estão mais ligados ao público infantil.
Por isso, a versão animada da Família Addams é, acima de tudo, um filme para crianças. Mais do que isso, aqui se conta as origens do clã, a partir do casamento de Gomez e Mortícia e o posterior nascimento dos filhos. É claramente uma narrativa que já vem calcada na mitologia dos personagens, mas que os apresenta a uma nova geração,, para dar início, possivelmente, a uma nova franquia.
Então, o filme dirigido por Greg Tiernan e Conrad Vernon está claramente voltado para as crianças, sem abrir mão de um humor bizarro, mas, estranhamente, lúdico. No começo, por exemplo, Morticia se maquia usando as cinzas de seus pais. São momentos assim que funcionam, e o resultado é algo que é melhor em partes do que a soma do conjunto, porque a trama que as une é um pouco sem graça.
Os Addams vivem numa mansão assombrada no topo de uma colina em Nova Jersey, e nunca saem de lá. Porém, um novo bairro de casas pré-fabricadas está se formando. Uma estrela de reality show, uma espécie de consultora de decoração e imobiliária, chamada Margaux, resolve que a casa dos protagonistas não combina com os novos ares da região e decide modificar tudo – tornando tudo menos macabro, mais sem graça e sem personalidade.
Tiernan e Vernon dirigiram A festa da salsicha, uma animação adulta e polêmica por sua piadas claramente sexuais – mas, enfim, não era um filme infantil. Aqui, no entanto, eles estão na ponta oposta do espectro. A família Addams é um filme sem qualquer risco, sem qualquer ponto fora da curva. Até a excentricidade macabra dos personagens é um tanto previsível. Visualmente é rico em seus detalhes, mas é um longa que não conquista por sua riqueza visual nem pela trama - mas, ainda assim, pode ser o primeiro de uma série.
Alysson Oliveira
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