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quinta-feira, 13 de abril de 2017
ESTREIA–Como vilã, Charlize Theron rouba a cena em novo “Velozes e Furiosos”
Reuters
Depois de dominar o apocalipse, e roubar o protagonismo de Tom Hardy em “Mad Max: A Estrada da Fúria”, o que sobraria para Charlize Theron? Dominar outro tipo de fim do mundo e roubar a cena de Vin Diesel – o que talvez nem necessite de um grande esforço, mas, enfim, a atriz o faz com gosto em “Velozes e Furiosos 8”, no qual interpreta uma megahacker e vilã maligna.
Desde quando surgiu no começo deste século, “Velozes e Furiosos” era apenas um filme modesto de ação sobre corridas clandestinas de carros. Em mais de 15 anos, transformou-se numa extravagância visual fora do real na qual apenas os roncos dos motores já não bastam. A franquia foi se reinventando, perdeu um dos protagonistas – Paul Walker, morto em 2013, e este é o primeiro filme sem ele –, mas toda vez que parece estar acabando o combustível, se reabastece, como é o caso aqui.
Nas mãos do diretor F. Gary Gray (“Straight Outta Compton: A História do N.W.A.”), que estreia na franquia, tudo se potencializa. É, primordialmente, um filme de carros perseguindo uns aos outros, mas também é um suspense geopolítico com ogivas nucleares, e também uma aventura globe-trotter, passando por Havana, Nova York, Berlim e o norte gélido da Rússia. Há cenários, personagens e perseguições demais, resultando em 136 minutos – fazendo com que este “Velozes e Furiosos” não seja tão veloz assim.
O filme começa em Cuba, com um prólogo que poderia se passar em qualquer outro lugar do mundo, onde Dom Toretto (Diesel) está em lua-de-mel com Letty (Michele Rodriguez), mas é chantageado por Cipher (Charlize) e acaba traindo seus amigos, quando roubam uma arma poderosa na Alemanha. Não demora muito, ele deu as costas para todo seu time –incluindo o ex-policial Hobbs (Dwayne Johnson), que acaba preso, e na prisão reencontra seu antigo desafeto, o inglês Deckard (Jason Statham). Os dois serão recrutados por um detetive (Kurt Russell) para encontrar Toretto, para evitar que ele roube mais armas de destruição em massa.
Basicamente apenas isso deve justificar as infindáveis perseguições automobilísticas, uma verdadeira chuva de carros-zumbis (controlados à distância por Cipher) e um avião-fantasma com combustível infinito onde moram a hacker e seus comparsas.
Lógica e física nunca fizeram muito parte do repertório da série “Velozes e Furiosos”, então não é agora que vai começar a fazer. Embora a família cristã tenha seu lugar garantido aqui. É curioso ver um filme com tanto desprezo pela vida humana colocar seus personagens para rezar antes da refeição.
Há algum tempo “Velozes e Furiosos” abandonou sua premissa simples e as ruas suburbanas, tornando-se uma espécie de filme de James Bond dos carros turbinados. Tal qual a franquia do famoso espião, é preciso de tempos em tempos de sangue novo. Aqui, além de Charlize, o filme conta com Scott Eastwood, como um novato da polícia sem muito bom senso, e Helen Mirren, numa participação minúscula na qual explora todo o seu cinismo britânico, e um bebê com mais expressões faciais do que Diesel – o que não requer tanto esforço.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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