terça-feira, 28 de outubro de 2025

Gestão de Adriane Lopes afunda em meio a falhas financeiras e crises políticas

 Prefeita é acusada de desviar finalidades, prometer sem cumprir e lavar as mãos das próprias responsabilidades

                                           Adriane Lopes: gestão mergulhada no lamaçal de um histórico caos administrativo (Foto Divulgação)


Notícias verdadeiras, contraditórias, que se confrontam, existem também para revelar podridões. Um caso típico envolve a (má) gestão em Campo Grande. A prefeita Adriane Lopes , reeleita mediante cargas volumosas de promessas espetaculosas, se recusou a pagar adicionais previstos por lei e nem melhorou o salário dos servidores, segundo diz, por falta de caixa. Mas, ao mesmo tempo, contempla cabos eleitorais em assessorias bem remuneradas e ainda reajusta em 25% o contrato com a empreiteira contratada para locação de máquinas.


Tudo isto acontece na cidade onde o desgoverno afunda dia a dia no lamaçal de um caos sem precedentes. O transporte coletivo e a saúde são dois dos serviços públicos mais danificados por tanta incompetência gerencial e política. O pior é que o desacerto da prefeita atingiu em cheio os dois setores. Para corrigir um, afogada na inadimplência, a prefeitura tirou dinheiro de uma conta restrita e usou em outra – ou seja, o caixa da saúde virou caixa do transporte.

                                             Rose Modesto: Adriane não dialoga com a verdade (Foto Divulgação)


FANTASIAS


Nas eleições de 2024, Adriane chegou ao segundo turno fazendo promessas mirabolantes, alucinada pelo crescimento da sua rival Rose Modesto (União Brasil), com quem disputou o 2º turno. Para vencer, distribuiu sonhos e fantasias e multiplicou perdulariamente o seu quadro de cabos eleitorais. Hoje, menos de um ano após a vitória nas urnas, a prefeita amarga a derrota do prestígio e da popularidade, com pesados 80% de rejeição.


Segundo Rose Modesto, Adriane tem problemas de competência e não dialoga com a verdade, porque procura crescer fazendo promessas que não cumpre. “Prometeu construir o primeiro hospital municipal da cidade. Não cumpriu. A crise da saúde é a maior de toda nossa história. Prometeu entregar em casa remédios de uso contínuo. Virou brincadeira de mau gosto. Prometeu cartão para as mães atípicas retirarem os seus insumos, escolhendo até a marca da fralda e da dieta. Não cumpriu. Nem a dívida da Santa Casa pagou, o hospital paralisa um monte de serviços essenciais”.


Rose Modesto continua: “Usaram R$ 156 milhões da saúde para outras finalidades. O pior: até agora ninguém explicou o que foi feito com esse dinheiro. E agora usa verbas do Fundo Municipal de Saúde para resolver o problema do transporte coletivo. Não tem dinheiro para reajuste do salário dos servidores, mas tem a escandalosa folha secreta a todo vapor. Os 80% de rejeição da prefeita falam por si”.


DESVIO DE FINALIDADE


Pressionada por todos os lados, a prefeita fez, enfim, um repasse de R$ 2,3 milhões às empresas de ônibus. Diz ter cumprido sua contrapartida e exige que o Consórcio Guaicurus retome a normalidade no sistema de transporte coletivo. Porém, algumas nuvens estão encobrindo este desfecho. Segundo informou à imprensa a secretária municipal de Fazenda, Márcia Hokama, o Fundo Municipal de Saúde repassou R$ 1,03 milhão para o pagamento. No dia seguinte a prefeita trouxe outra versão, contrariando a própria secretária.


Coordenador do Conselho Municipal de Saúde (CMS), Jader Vasconcelos, enviou para a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) um ofício, advertindo: se a prefeitura utilizar verbas do Fundo Municipal de Saúde para pagar subsídios ao Consórcio Guaicurus, o CMS acionaria o Ministério Público Estadual, o Tribunal de Contas e demais órgãos de fiscalização. O CMS justifica a recomendação como medida preventiva e uma sugestão para apuração de um “eventual desvio de finalidades na aplicação dos recursos da saúde”.



Foi o Conselho que recentemente pediu ao MPE para investigar presumível descaminho de verba orçamentária da Saúde. Em agosto, levantou-se a suspeita de um desvio de verbas da saúde, no valor de R$ 156 milhões do Fundo Municipal (FMS), para cobertura de contas atrasadas da prefeitura, sem a devida autorização legal. O Conselho Municipal de Saúde solicitou uma auditoria técnica e financeira para investigar a suspeita de desvio de finalidade na Sesau.


DEVOLUÇÃO


O deputado estadual Pedrossian Neto (PSD) não hesita e afirma: “Mentira tem perna curta. Tem gente tentando esconder o verdadeiro motivo de a prefeitura estar negativada, com tanta dificuldade para o repasse que deve aos ônibus. A prefeita Adriane Lopes terá que devolver ao governo federal cerca de R$ 800 mil que recebeu para fazer o combate ao feminicídio e à violência doméstica e simplesmente não foi utilizado”, conta.


“Numa cidade onde mulheres são brutalmente assassinadas, com casos emblemáticos como os de Vanessa Ricarte e Emanuele Vitória, como não usar esse dinheiro repassado para salvar vidas? E isto não é culpa da Secretaria da Mulher e nem da Casa da Mulher Brasileira, que faz um trabalho extraordinário, mas são decisões que saem do Paço Municipal. É apenas má gestão. E Campo Grande ficou refém do maior apagão administrativo de sua história”, conclui.

Geraldo Silva


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