domingo, 12 de dezembro de 2021

Taxa de depressão pós-parto dobrou na pandemia, mostra estudo do Hospital das Clínicas

 

Os principais fatores para a depressão pós-parto eram a preocupação pela possível falta de leitos hospitalares, a ausência do parceiro e ansiedade.

FOLHAPRESS

Um estudo inédito realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) com 184 mulheres que deram à luz durante a pandemia da Covid-19 revelou que 38,8% delas tiveram depressão pós-parto.


O índice é praticamente o dobro do período pré-pandemia no Brasil, quando girava em torno de 20%, de acordo com a literatura médica.


A pesquisa também mostrou que 14% das puérperas tiveram ideações suicidas no período.


O levantamento foi feito por meio de questionários entregues a mulheres que foram atendidas no Hospital das Clínicas da FMUSP e no Hospital Universitário da USP durante a pandemia da Covid-19, que começou em março de 2020.


Entre os principais fatores para a depressão pós-parto relatados por elas estavam a preocupação pela possível falta de leitos hospitalares, a ausência do parceiro e ansiedade.


Já a ideação suicida também esteve associada, além da ansiedade, com as formas de receber informação sobre a Covid-19, como, por exemplo, por meio de amigos.


"Esse é um estudo de extrema importância, que revela outras consequências seríssimas da pandemia, além dos casos de Covid-19 em si. 


Atravessar a gravidez, parto e pós-parto em um período tão difícil para toda a sociedade acabou, claramente, afetando as gestantes e puérperas", diz o pesquisador Marco Aurélio Galleta, professor do departamento de obstetrícia e ginecologia da FMUSP.


"É preciso entendermos todos os fatores envolvidos para darmos a melhor assistência possível a elas nesse momento", observa Galleta.


De acordo com a pesquisa, também se associaram à depressão pós-parto fatores como brigas em casa, tempo de isolamento, preocupação com o parto e com as notícias sobre o coronavírus.


O número de horas diárias de informações sobre a pandemia também teve impacto sobre a saúde mental das gestantes e puérperas. 


Pacientes que tiveram ideações suicidas procuraram, em média, 4,5 horas de informação diária sobre a pandemia, contra duas horas em média daquelas que não apresentaram esse quadro.


Atualmente, o IPq (Instituto de Psiquiatria) do HCFMUSP busca mulheres com depressão pós-parto para testar uma nova forma de tratamento por meio de aplicativos de celular.


Para participar, as mulheres devem ter de 18 a 40 anos, ter tido filho há no máximo 12 meses e sofrer de sintomas de depressão. Também é preciso ter celular para uso pessoal e conexão com a internet.


 

As mães devem ter disponibilidade para quatro encontros online durante dois meses. 


Elas serão acompanhadas por pesquisadores da área de saúde mental e desenvolvimento infantil da Faculdade de Medicina da USP.


Serão testados dois aplicativos de celular que ajudam a melhorar os sintomas de depressão por meio de técnicas psicológicas. 


Também serão realizadas avaliações online pelos profissionais de saúde ao longo do estudo.


As inscrições são gratuitas e devem ser feitas pelo site maay.com.br.


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