quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Safra antecipada deve elevar custo do frete

 






O segmento segue aquecido com a movimentação de fertilizantes e com a entrada da safra
Por:  -Eliza Maliszewski


Algumas lavouras de soja e milho da safra 21/22 já começaram a ser colhidas no país. Seja por impactos do clima ou pela janela de plantio adiantada, a situação também antecipa a necessidade de frete rodoviário. O segmento segue aquecido com a movimentação de fertilizantes e deve ter nova alta com a entrada da safra. É o que aponta o Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O levantamento é feito nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás e Distrito Federal.



No Mato Grosso existe grande pressa e movimentação para que se libere espaço nos armazéns, de modo a receber a maior safra de soja da série histórica para o estado. Há registro de grande escoamento de milho para o mercado exportador, assim como ocorre a persistência do fluxo interno para atendimento ao mercado consumidor brasileiro. O transporte para o mercado interno tem representado importante elemento de suporte às cotações de transporte rodoviário ao longo dos últimos meses à medida que o perfil desse transporte envolve longos trajetos, rotas pulverizadas, descarga normalmente agendada e mais morosa, fazendo com que um caminhão demore mais tempo para completar uma viagem, em prejuízo da oferta de transporte.


O plantio acelerado faz com que projeções de entrada da nova safra sejam antecipadas, de modo que a colheita inicial já venha ocorrer em dezembro, enquanto que, volume mais significativo, concentrando-se em janeiro, possivelmente, ao contrário do exercício anterior, quando ocorreu um retardamento de toda a safra e uma maior movimentação logística apenas em fevereiro, com efeitos mais acentuados sobre o mercado de fretes rodoviários, a partir de fevereiro e, especialmente, em março. Além da aceleração para se liberar espaço nos armazéns, ainda há grande fluxo de fertilizantes rumo ao estado; o que tem elevado o interesse por parte dos demandantes por transportes por rotas envolvendo especialmente Santos e Paranaguá. Neste contexto, constata-se continuidade da tendência de elevação nos preços dos fretes rodoviários. 


No Mato Grosso do Sul o mês de novembro, principalmente após sua segunda quinzena foi marcado pelo aumento da demanda por veículos para o transporte de grãos. No entanto, a disponibilidade de veículos não supriu a demanda, forçando o mercado a elevar os valores ofertados em praticamente todas as rotas monitoradas. Dentre os fatores que explicam essa conjuntura estão: a necessidade de abertura de espaço nos armazéns para o recebimento da safra de verão, a valorização da soja no mercado externo e a elevação da cotação do Dólar frente ao Real.


Em Goiás o movimento dos preços de transporte em novembro nas cinco origens pesquisadas foi considerado melhor que o verificado em outubro passado, assim como em relação ao mesmo período de anos anteriores. O principal movimento foi de soja para exportação. Grandes partidas saindo de Cristalina e Catalão para Uberaba e Araguari e de Bom Jesus de Goiás para Paranaguá. Nesse momento, as tradings estão removendo dos armazéns a soja e milho remanescentes da safra passada. O objetivo é preparar os armazéns para a recepção da próxima safra, cujo início de colheita, em vários municípios da região, é esperado para meados de janeiro/22. Em se tratando do comportamento dos preços, Rio Verde, Catalão e Bom Jesus de Goiás apresentaram elevação em relação a outubro, sendo mais acentuado em Rio Verde, com aumento para todos os destinos. Cristalina registrou preços, em termos médios, um pouco menores que em outubro.


O mercado de transportes na região do Distrito Federal continuou a operar com baixos volumes no mês de novembro, resultado da baixa movimentação de transportes rodoviários na região para as rotas com destino aos portos e no mercado interno. Em relação aos preços coletados no ano passado houve um leve aumento, com variações de até 5% se comparado ao mês anterior, todavia, pode-se dizer que os preços se mostraram estáveis para a maioria das rotas pesquisadas.


Por fim, no Paraná, houve queda para a rota de Toledo e Cascavel, em direção ao porto de Paranaguá. Segundo o mercado de transporte a movimentação de carga ainda é baixa, por se tratar de período de entressafra para os cultivos de verão. As rotas para o transporte de feijão partindo de Ponta Grossa com destino a São Paulo/SP e Rio de Janeiro/RJ tiveram um leve aumento. Em consulta, o aumento não mostrou ser em função da movimentação de carga, mas sim, face aos constantes aumentos de preço do combustível, que embora tenham sofrido redução agora em dezembro, não houve impacto na coleta de preços de novembro. Na rota de Campo Mourão e Ponta Grossa, com destino ao Paranaguá ocorreu leve aumento, com pouca variação, não sendo acima de 4%.

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