O Brasil possui uma forte indústria de cana-de-açúcar, capaz de produzir cachaça, etanol e eletricidade em abundância. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), são mais de 8 milhões de hectares cultivados em todo o território nacional. São Paulo é o maior produtor e vem buscando mudar a cara do setor em relação ao meio ambiente.
Historicamente a cana recebe críticas por adotar as queimadas na lavoura para facilitar a colheita e aumentar o rendimento, conforme se acreditava na época. Entretanto, esse processo emite uma espécie de fuligem, composta de até 95 tipos de partículas finas e ultrafinas, além de gases nocivos à atmosfera, que incomodam os moradores no entorno e são prejudiciais aos trabalhadores. Além disso um levantamento realizado pelo Programa Cana IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, mostra que os incêndios reduzem o potencial de produtividade dos canaviais devido a perda de população de colmos da cana no ciclo seguinte, ou seja, no corte posterior.
Em 2002, após diversas reclamações dos moradores, São Paulo aprovou uma lei que determina a eliminação gradual das queimadas antes das colheitas nas três décadas seguintes. De lá para cá, os produtores investiram em equipamentos que permitem cortar a cana sem queimá-la. Em 2008, o estado reduziu em cerca de 100 mil hectares as queimadas nos canaviais. Em parceria com o governo estadual, a indústria praticamente erradicou as queimadas em 2017. Na safra 20/22, apenas 7 mil hectares receberam autorização para a prática da queima controlada. A área representa menos de 2% do total de plantio, que alcançou 5,09 milhões de hectares. Essa prática continua a ser permitida apenas em regiões íngremes, onde a colheita com as máquinas é difícil. Ainda assim, as queimadas precisam ser abolidas até 2031.
Os resultados dessa medida são notáveis. As palhas da cana-de-açúcar, que anteriormente viravam fumaça, passaram a formar uma manta protetora sobre os campos — o que enriquece o solo. Algumas dessas palhas também são coletadas para gerar energia renovável. A secretaria da agricultura paulista destaca que a redução das autorizações para o emprego de fogo em canaviais no Estado evitou a emissão de mais de 11,8 milhões de toneladas de gases equivalentes a gás carbônico e de 71 milhões de toneladas de poluentes atmosféricos (como monóxido de carbono, material particulado e hidrocarbonetos).
“Não tenho dúvidas de que, hoje, ninguém quer voltar a queimar cana-de-açúcar”, afirmou Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Associação Brasileira da Indústria Canavieira, ao portal ProPublica.Org.
* com informações da Revista Oeste
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