O recebimento de amêndoas nacionais por parte das indústrias associadas à Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) registrou alta de 10,89% no acumulado entre janeiro e novembro desse em ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. Ao todo, foram 181.765 toneladas de amêndoas recebidas pelas indústrias, ante 163.914 toneladas no mesmo período de 2020 (ainda sem considerar o percentual de quebra), de acordo com os dados compilados pelo Sindidados – Campos Consultores.
Apesar do crescimento, o volume ficou aquém da demanda da indústria, que no mesmo período registrou aumento de 4,90% no processamento, passando de 195.481 toneladas em 2020 para 205.065 toneladas de janeiro a novembro desse ano. “Essa diferença entre o que a indústria recebe e o que ela processa acaba sendo compensada pelas importações, que são fundamentais para complementar o volume necessário para que as moageiras atendam seus clientes externos e possam operar dentro de patamares saudáveis” pondera Anna Paula Losi, diretora-executiva da AIPC.
Entre os fatores que contribuíram para o crescimento da moagem estão o avanço da vacinação contra a COVID19 em todo o mundo e o consequente fim do isolamento social, com reabertura do comércio. “Aos poucos, as pessoas voltaram a circular e a consumir produtos como chocolates, biscoitos e achocolatados, tanto dentro, como fora de casa”, pondera Anna Paula.
Importação e quebra
No acumulado entre janeiro e novembro, as importações de amêndoas somaram 49.257 toneladas, em um ano de retomada do consumo, após um 2020 marcado pelo isolamento social, pelo avanço da pandemia de COVID-19 e consequente queda na demanda por derivados. Justamente por conta desse cenário atípico, em 2020 as importações até novembro ficaram em 23.023 toneladas, abaixo também de 2019, no período pré-pandemia, quando foram importadas 56.056 até dezembro e 41.041 até novembro toneladas de amêndoas.
Outro aspecto importante que influencia na demanda por importação de amêndoas está na chamada “quebra industrial”, que é o volume de matéria-prima descartada por estar inadequada para processamento, seja por alto percentual de umidade, ou pela presença de materiais estranhos não identificados na remessa. “Essas perdas, acabam fazendo com que o volume recebido e o processado sejam diferentes, impactando também na demanda por amêndoas importadas”, explica Anna Paula.
Exportação de derivados
A retomada gradual do consumo e da circulação de pessoas contribuiu para a recuperação da demanda externa por derivados de cacau. Com isso, entre janeiro e novembro de 2021 a exportação de derivados somou 49.759 toneladas, ante 45.535 toneladas em 2020, alta de 9,27%. Somente no mês de novembro foram exportadas 4.708 toneladas, ante 4.395 toneladas em outubro, crescimento de 7%. Os principais mercados compradores dos derivados brasileiros são Argentina, Chile e Estados Unidos.
Principais produtores
Ao longo do ano, a Bahia foi o estado com maior volume de amêndoas enviadas para as indústrias, com 129.741 toneladas entre janeiro e novembro, aumento de 40% em comparação às 92.686 toneladas registradas em 2020. Esse volume representa 71% do total de amêndoas recebidas até novembro pelas moageiras. O resultado se deveu principalmente ao aumento da produção de cacau no estado durante a safra temporã, que começou em maio e se encerrou em setembro. Nesse período, a produção baiana quase dobrou em relação à safra temporã de 2020, totalizando 94.534 toneladas ante 54.500 toneladas.
Já a produção paraense registou quedas sucessivas ao longo de 2021, sofrendo os efeitos das oscilações climáticas. No acumulado do ano, o estado produziu 45.730 toneladas, recuo de 29,6% ante as 64.982 toneladas do mesmo período de 2020. Boa parte dessa retração foi verificada durante a safra temporã. Com isso o recebimento do Pará representou 25% do total de amêndoas recebidas até novembro. Desde outubro, com o início da safra principal, o estado vem apresentando recuperação no volume de recebimento, embora ainda seja insuficiente para compensar as quedas durante a temporã. Somente em outubro e novembro, o volume cresceu 95%, para 5.951 toneladas, em comparação às 3.046 toneladas do mesmo período em 2020.
O recebimento de cacau do Espírito Santo oscilou levemente no acumulado do ano, passando de 4.598 toneladas em 2020 para 4.735 toneladas, variação de 2,9%, enquanto o recebimento de Rondônia variou 3,1%, passando de 1.548 para 1.499 toneladas entre janeiro e novembro desse ano.
Perspectivas
A expectativa da AIPC é de que o ano de 2021 se encerre com um recebimento de amêndoas nacional total entre 200 e 205 mil toneladas, ante as 174.283 toneladas recebidas nos 12 meses de 2020. “Para 2022, a nossa expectativa é de que o volume recebido também seja próximo disso, entre 190 e 200 mil toneladas”, pondera Anna Paula.
No entanto, ela explica que enquanto as previsões para o recebimento de amêndoas nacional são de estabilidade, o volume da moagem de cacau segue se consolidando, ano após ano, destacando ainda mais a importância de fomentar projetos de investimento na melhoria técnica e de manejo para que a produção brasileira de cacau volte a crescer. “A indústria tem capacidade instalada para processar 275 mil toneladas, então, temos espaço para aumentar a moagem nos próximos anos. Nosso desafio como setor é nos unirmos para fortalecer a produção nacional de amêndoas”, explica.
Como parte desse processo, ela destaca a iniciativa CocoaAction Brasil, um fórum que reúne representantes do setor, iniciativas público e privada e vem trabalhando em projetos e estudos que visam fortalecer os elos da cadeia e fazer com que a cacauicultura brasileira seja cada vez mais forte e próspera. “Por isso, seguimos apoiando, investindo e participando ativamente da iniciativa”, declara Anna Paula.
* com informações da assessoria de imprensa
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