terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Pesquisa confirma que objeto extraterrestre gerou cratera em SP

 



Carlos Palmeira



A “cratera de Colônia”, que está localizada no distrito de Parelheiros, na zona sul de São Paulo, foi mesmo gerada pela queda de um objeto extraterrestre. Os indícios que sustentam a confirmação estão em um artigo científico conduzido pelo geólogo Victor Velázquez Fernandez, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP).


Segundo o especialista, a pesquisa recente traz evidências mais robustas sobre o que gerou a cratera de 3,6 km de diâmetro, cerca de 300 metros de profundidade e uma borda soerguida de 120 metros na capital paulista.


“Encontramos esférulas [pequenas esferas] no interior da cratera, em profundidades de 180 a 224 metros, cuja forma só pode ser explicada pelo impacto de um corpo extraterrestre, que gerou temperaturas da ordem de 5 mil graus Celsius e pressões da ordem de 40 quilobars – equivalentes a 40 mil vezes a pressão atmosférica padrão”, disse Velázquez para a Agência Fapesp.


Um dos aspectos da descoberta que intrigou os cientistas é que as esférulas (que variam entre 0,1 mm e 0,5 mm) foram encontradas dentro da cratera. Normalmente, os detritos são jogados para fora com a colisão do objeto que cai dos céus.


“Nossa explicação é que a energia do impacto transformou as rochas existentes no local em uma nuvem densa e superaquecida. Esse material foi lançado para cima, congelou e voltou a cair na base da recém-formada cratera”, explicou.


Qual objeto extraterrestre caiu na Terra?

O artigo científico também destaca a boa possibilidade de que o objeto que caiu na Terra tenha sido um cometa e não um asteroide metálico ou rochoso. A composição química das esférulas é um dos aspectos que eleva essa hipótese.


“Embora desconheçamos o tamanho do objeto, a velocidade e o ângulo de incidência, por comparação com outros impactos, podemos dizer que a colisão gerou uma devastação de 20 quilômetros de raio. Outro aspecto que ignoramos também é a data do evento, estimada, por enquanto, em um intervalo de 5 milhões a 36 milhões de anos no passado”.


Chamado de “Morphological aspects, textural features and chemical composition of spherules from the Colônia impact crater, São Paulo, Brazil”, o artigo científico foi publicado em março deste ano na revista Solid Earth Sciences. O trabalho também é assinado pelos pesquisadores Celso B. Gomes, Marcos Mansueto, Leonardo A.S. de Moraes, José Maria A. Sobrinho, Rodrigo F. Lucena, Alethéa E. M. Sallun e William Sallun Filho.

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