terça-feira, 21 de dezembro de 2021

País alcança recorde de 29% dos desempregados em busca de trabalho há mais de 2 anos, aponta Ipea

 


Daniela Amorim;Estadão

No terceiro trimestre deste ano, quase 30% dos cerca de 13,5 milhões de desempregados do País estavam em busca de uma vaga há mais de dois anos, maior porcentual de pessoas nessa situação em toda a série histórica do levantamento feito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que desde 2012 faz esse cálculo. Além disso, o emprego informou cresceu mais do que o trabalho com carteira assinada em todas as atividades econômicas que abriram vagas em relação a um ano antes.


O estudo tem como base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged).



A taxa de desemprego ficou em 12,5% no terceiro trimestre, segundo os dados da Pnad Contínua dessazonalizados pelo Ipea, ou seja, retirando do cálculo influências dessa época do ano. O resultado significa o menor nível desde o trimestre encerrado em abril de 2020, embora o contingente de pessoas em busca de emprego ainda tenha sido de 13,5 milhões.


"O aumento do tempo de permanência no desemprego se torna mais um indício de que a situação do mercado de trabalho continua desafiadora. No terceiro trimestre de 2021, a proporção de desempregados que estava nesta situação há mais de dois anos chegou a 29%, atingindo o maior patamar da série", apontou a Carta de Conjuntura do mercado de trabalho divulgada pelo Ipea nesta terça-feira, 21.


O total de empregos com carteira assinada no setor privado cresceu 5,9% no terceiro trimestre de 2021 ante o terceiro trimestre de 2020. No mesmo período, o montante de profissionais sem carteira assinada no setor privado aumentou 18,5%, enquanto o estoque de trabalhadores atuando por contra própria teve elevação de 18,4%.


Nas dez das 13 atividades econômicas onde houve alta no emprego com carteira assinada, a variação foi mais branda que a do emprego sem carteira.


O segmento de serviços domésticos teve a maior diferença registrada entre o crescimento anual do emprego formal, ou seja, com carteira assinada (4,0%), e do emprego informal, sem carteira assinada (28,1%).


O segmento de alojamento e alimentação teve um salto de 22% no emprego com carteira assinada, mas a variação do emprego sem carteira foi quase o dobro, 39,2%.


Na indústria de transformação, a alta no estoque de vagas com carteira foi de 8,7%, enquanto o de sem carteira subiu 22,6%. Na indústria extrativa, o emprego com carteira aumentou 6,3%, e o sem carteira cresceu 22,5%. No comércio, o emprego com carteira aumentou 8,8%, e o emprego sem carteira, 26,8%.


Por outro lado, o setor de construção civil registrou uma das menores diferenças entre o crescimento do emprego formal (19,2%) e do emprego informal (22,5%). Na agricultura, o emprego com carteira subiu 7,2% em um ano, e os sem carteira, 8,8%.


"Apesar de expressivo, esse crescimento do emprego informal já era esperado, tendo em vista que, com o controle da pandemia, os setores mais intensivos neste tipo de mão de obra (comércio e serviços) estão retomando suas atividades e gerando, por conseguinte, novos postos de trabalho. Em contrapartida, como o emprego formal foi menos atingido, o seu ritmo de expansão tende a ser mais ameno, mesmo em um contexto de recuperação econômica", apontaram os técnicos no estudo do Ipea.


Ainda segundo o estudo, a expectativa para os próximos meses é "de um crescimento menos acentuado da ocupação em 2022, refletindo um desempenho mais moderado da atividade econômica".

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