FOLHAPRESS
No palco do teatro de um shopping da zona sul carioca, o ex-juiz Sergio Moro apresentou, na noite de quinta-feira (9), seu recém-lançado livro, "Contra o Sistema da Corrupção".
Na entrada e saída, Moro usou uma escada lateral, chegando ao palco pelos fundos. Seguranças resguardavam as duas portas de acesso público ao teatro, que tem capacidade para 402 pessoas.
Contido por três seguranças, um pequeno grupo de artistas protestava no corredor do shopping contra a realização do evento no histórico Teatro dos 4, fundado em 1978.
Foi só um pequeno percalço enfrentado por Moro em solo fluminense, diante de outros mais turbulentos que o pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos deverá enfrentar até 2022.
No estado que é domicílio eleitoral de Jair Bolsonaro (PL), o partido de Moro não terá candidato a governador, mas engrossará o palanque do presidente, de quem o ex-juiz se diz alvo.
No Rio, o Podemos compõe a base de apoio do governador Cláudio Castro (PL), correligionário de Bolsonaro. E o presidente estadual do Podemos, Patrique Welber, ocupa desde setembro a Secretaria de Trabalho e Renda, cargo que não pretende deixar.
Hoje à frente do Podemos, Welber evoca a memória de Jorge Picciani, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio, para afirmar que respeita acordos políticos. Picciani foi alvo de duas operações contra a corrupção na Alerj, chegou a ser preso e morreu em maio deste ano, quando cumpria prisão domiciliar.
"Aprendi com Picciani a honrar compromissos. Vou honrar meu compromisso com o governador Cláudio Castro", diz.
Welber conta que a política do Rio foi tema de seu almoço com a presidente nacional do Podemos, deputada Renata Abreu (SP). Segundo ele, ficou acertado que a Moro seria destinado o palanque de um candidato a ser definido para o Senado, independentemente da chapa de Cláudio Castro.
O nome idealizado para a vaga é do general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, que foi secretário de Governo de Bolsonaro. Mas Santos Cruz tem resistido ao convite para que concorra ao Senado, sob o argumento de que a mulher se opõe à proposta.
Segundo Welber, a intenção é que Moro ocupe, em rádio e TV, apenas o tempo reservado ao candidato do partido ao Senado, além das chapas de estaduais. São cerca de 50 segundos diários.
Na apresentação de Moro, Santos Cruz foi homenageado pelo ex-juiz, assim como Renata Abreu e o deputado Alex Manente (Cidadania-SP). Recém-filiado ao Podemos, o deputado estadual Alexandre Freitas, defensor da liberação de porte de armas, também assistiu ao lançamento do livro.
A ex-deputada Denise Frossard, com quem Moro almoçou na tarde de quinta-feira, também estava na plateia. Antes de ir ao teatro, Moro se reuniu com dirigentes da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis de Lubrificantes).
Duas horas depois, já no palco, citou William Shakespeare ao afirmar que existe corrupção em todos os lugares, mas no Brasil seria sistêmica.
"Corrupção existe em qualquer lugar do mundo. Até mesmo nos países mais íntegros. Até mesmo na Dinamarca. Tem até aquela frase famosa, né? Tem algo de podre no Reino da Dinamarca. A Dinamarca é considerado um dos países mais íntegros do mundo, mas, ainda assim, há casos de corrupção pontuais", discursou.
Moro falou por quase duas horas a uma plateia acomodada em assentos numerados, segundo ingressos distribuídos no momento da compra do livro.
Já de início, o apresentador Carlos Nascimento avisou que, fora as dele próprio, não haveria espaço para perguntas a Moro. Tampouco houve sessão de autógrafos, além de uns persistentes leitores que, após o encerramento da apresentação, esperaram, ao pé do palco, que o ex-ministro de Jair Bolsonaro voltasse do camarim antes de deixar definitivamente o shopping da Gávea.
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