sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Governo da Bahia cancela Carnaval de 2022

 

De acordo com o governador, tornou-se inviável realizar o Carnaval no modelo tradicional, como uma festa em larga escala

 FOLHAPRESS

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), oficializou nesta quinta-feira (23) o cancelamento do Carnaval em municípios baianos em 2022.


"A decisão está tomada: não haverá Carnaval na Bahia em fevereiro de 2022. Hoje temos 2,4 milhões de baianos com a vacina contra a Covid em atraso. Além disso, estamos lidando com uma epidemia de gripe, que tem sobrecarregado o sistema de saúde", disse Costa em uma rede social.


De acordo com o governador, tornou-se inviável realizar o Carnaval no modelo tradicional, como uma festa em larga escala. "Precisamos ter responsabilidade com a saúde e a vida das pessoas. [...] Mais para frente, avaliaremos o que pode ser feito e em que condições", afirmou.


Rui Costa ainda informou que vai avaliar, junto com municípios, a criação de algum tipo de benefício para as pessoas que tiram da festa o seu sustento.


A organização do Carnaval de Salvador é feita pela prefeitura da capital baiana, que ainda não tomou uma decisão definitiva sobre o assunto. 


A realização da festa de rua, contudo, demanda serviços que estão no âmbito do governo do estado, caso da Segurança Pública, que tem que ser reforçada nos dias de festa, demandando custos extras,


O prefeito de Salvador Bruno Reis (DEM) ainda não se pronunciou sobre o assunto. Procurado, o secretário municipal de Cultura e Turismo, Fábio Mota, adiantou que a decisão do governo na Bahia, na prática, significa o cancelamento da festa na capital baiana: "Sem a Polícia Militar, é impossível ter o Carnaval".


Mais cedo, Rui Costa já havia afirmado que considera impossível a realização do Carnaval de Salvador em 2022 nos moldes tradicionais da festa diante do avanço do número de casos da Covid-19 e dos casos da gripe H3N2 no estado.


"Sabe aquele filme 'Missão Impossível'? Nós estamos na Missão Impossível 3. Então, não será possível fazer esse Carnaval. Não tem a mínima condição", afirmou o governador a jornalistas durante solenidade de entrega da reforma de um hospital em Salvador.


O governador ainda afirmou que "alguém falar de Carnaval a essa altura do campeonato, está querendo ser irresponsável com a vida do outro".


 E lembrou que, além das mortes provocadas pela Covid-19, agora o estado passa a ter óbitos pelo Influenza - foram registradas duas mortes em Salvador.


Rui Costa disse nesta quarta-feira (22) que as condições para a realização do Carnaval se deterioraram ao longo do último mês. 


O número de pacientes em UTI com Síndrome Respiratória Aguda Grave, por exemplo subiu neste período de 190 para 270. Já a quantidade de casos ativos da Covid-19 cresceu de uma média de 2.200 para 3.000.


Na Bahia, cerca de 2 milhões de pessoas deixaram de completar o ciclo vacinal com as duas doses do imunizante contra o coronavírus. Quando acrescidos aqueles que precisam tomar a dose de reforço, o número chega a cerca de 3 milhões de pessoas.


A avanço da gripe H3N2 também pressiona o sistema de saúde, com Unidades de Pronto Atendimento superlotadas tanto em Salvador como em cidades do interior e um aumento da demanda por internação hospitalar na rede pública de saúde.


"Mantidas ou agravadas essas condições, não há a mínima condição de reproduzir o que é o padrão do nosso Carnaval. Infelizmente. A não ser que a gente queira viver uma tragédia de muitas mortes", afirmou.


Parte dos empresários do setor anunciou que não deve participar da festa. A empresária Flora Gil, que toca o camarote Expresso 2222 ao lado do marido, o cantor Gilberto Gil, disse que um dos mais disputados espaços do Carnaval de Salvador não entrará em operação no ano que vem mesmo se a realização da festa for autorizada pelo poder público.


Outros empresários, por outro lado, devem realizar festas privadas em Salvador no período do Carnaval em espaços como o estádio da Fonte Nova e o Centro de Convenções. 


O decreto da pandemia em vigor no estado da Bahia permite festas com até 5.000 pessoas, mediante a exigência de comprovação do ciclo completo de vacinação.

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