(FOLHAPRESS)
- O neurocirurgião Carlos Gilberto Carlotti Júnior será o novo reitor da maior universidade da América Latina, a USP.
A chapa "USP Viva", encabeçada por Carlotti, foi a mais votada pela Assembleia Universitária realizada no dia 25 de novembro. Ela também recebeu mais votos na consulta acadêmica, que é feita com alunos, professores e servidores, mas sem caráter deliberativo.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), não era obrigado a escolhe o mais votado, mas decidiu seguir a tradição e, na manhã desta quarta-feira (8), indicou Carlotti para o cargo de reitor da USP. Ele assume o cargo no dia 25 de janeiro, aniversário da capital paulista, e fica à frente da universidade por quatro anos.
A escolha do novo reitor pelo governador costuma ser uma formalidade. Em quase todas as ocasiões, os candidatos mais votados pelo colégio eleitoral foram nomeados. A última vez em que a decisão interna não foi acolhida ocorreu em 2009, quando o então governador José Serra (PSDB) preferiu o segundo colocado, João Grandino Rodas.
Neste ano, apenas duas chapas disputaram a reitoria.
Carlotti é professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e foi pró-reitor de Pós-Graduação do atual reitor Vahan Agopyan. A vice-reitora é a professora Maria Arminda do Nascimento Arruda, ex-diretora da FFLCH (Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas) e coordenadora do escritório USP Mulheres.
No dia seguinte à votação interna, Carlotti concedeu entrevista ao jornal Folha de S.Paulo e defendeu a recomposição salarial de professores e servidores, desde que dentro do possível do orçamento da USP, e até mesmo uma proposta de aumento real nos próximos quatro anos. Ele também diz que vai recompor o quadro de docentes da universidade.
As medidas vão na contramão do que ocorreu na última gestão, que congelou salários e novas contratações no ano passado com a expectativa de queda do orçamento como reflexo da pandemia o que não se confirmou.
Para Carlotti, a atual situação financeira da universidade é confortável e permite a recomposição salarial sem comprometer o orçamento da instituição. "Tivemos uma inflação muito alta nos últimos dois anos, o que se refletiu no ICMS e garantiu essa posição mais confortável para a universidade. Sem a recomposição, você desqualifica o servidor e a universidade se torna pouco atrativa para os bons profissionais."
A principal fonte de receita das universidades estaduais paulistas é a cota fixa de 9,57% da receita do estado com o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). No início de 2020, havia previsão de que a arrecadação do tributo tivesse redução de 11,5%, no entanto, a queda foi de 3,8%.
Além das medidas para os servidores, Carlotti também apresentou como proposta a criação de uma Pró-Reitoria de Inclusão Social e Diversidade para integrar e criar ações de permanência estudantil, políticas de inclusão social, étnico-raciais e de gênero.
A USP, foi uma das últimas das principais universidades públicas do país a adotar cotas, e só alcançou no ano passado o patamar de mais de 50% dos alunos oriundos de escolas públicas, dos quais 44,1% autodeclarados pretos, pardos ou indígena. O mesmo perfil ainda não é visto no quadro de docentes e servidores, que é majoritariamente formado por homens e brancos.
Carlotti diz que também quer fortalecer a atuação da USP na sociedade, tanto para cobrar ações do governo federal no financiamento da ciência como para a prestação de contas do que é produzido na universidade.
Outro desafio do próximo reitor é o retorno das aulas presenciais na USP no próximo ano. Apesar de já ter sido autorizada a retomada, a maior parte das unidades decidiu por continuar com o ensino remoto neste ano.
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