Por G 1
O gosto amargo na garganta por um momento pareceu sumir. Foi um início perfeito, dos melhores até aqui. Aos poucos, porém, tudo voltou a ruir. Com direito a uma virada inexplicável no terceiro set, depois de ter 20/12 no placar, o Brasil caiu para a Rússia nas semifinais das Olimpíadas de Tóquio. Em 3 sets a 1, parciais 18/25, 25/21, 26/24 e 25/23, deu adeus ao sonho do quarto ouro olímpico. Depois de quatro finais em sequência, vai precisar se contentar com a disputa pelo bronze.
O Brasil vai buscar o bronze contra o perdedor da outra semifinal, entre França e Argentina, à 1h de sábado. A Rússia, por outro lado, espera o rival pelo na briga pelo ouro.
A Rússia joga sob o nome de ROC por conta da punição imposta devido ao escândalo de doping no esporte do país. Não pode usar nome, bandeira ou qualquer coisa que lembre sua nação - ainda que o vermelho do uniforme não deixe esconder. Foi a terceira vitória seguida dos russos contra os brasileiros, a segunda nas Olimpíadas - na fase de classificação, também levou a melhor.
Queda brusca e virada
O Brasil começou com um primeiro set perfeito. O domínio começou a ruir a partir do segundo set, mas foi no terceiro que tudo desandou. A seleção vencia por 20/12 e parecia caminhar tranquila rumo à vitória quando os russos voltaram a crescer. Encaixaram o saque, passaram a defender tudo e derrubaram a seleção no caminho para a final
Leal, em seu melhor jogo nas Olimpíadas, terminou com 18 pontos. Lucão, outro destaque, fez 13. Do outro lado, Mikhaylov, com 22, foi o grande nome da partida. Kliuka, com 15, e Podlesnykh, que entrou muito bem no terceiro set, também levaram a Rússia à decisão.
A virada sofrida no terceiro set é a maior da história olímpica desde que o Brasil se impôs como potência no vôlei mundial. Em 2012, também diante dos russos, chegou a colocar as mãos no ouro em Londres, mas levou a virada no terceiro set depois de vencer os dois primeiros e ter 21/18 no placar.
1° set - Em parcial perfeita, seleção larga na frente
Wallace precisou curvar o corpo para trás e, com um leve toque, empurrar a bola ao chão da Rússia. A resposta foi imediata. Volvich subiu à rede e encheu a mão na bola para cravar na quadra brasileira. Ao contrário das partidas anteriores, o Brasil tentava fazer frente aos rivais na base da técnica. O caminho parecia ser evitar o paredão russo com um ataque mais técnico. Foi assim que Lucarelli fez a seleção abrir 4/2 no início.
O Brasil fazia um bom jogo àquela altura. Maurício Souza, em um bloqueio, fez o placar disparar para 13/10. Naquele momento, a seleção tinha na defesa seu maior diferencial dos jogos anteriores contra os rivais. Tudo parecia funcionar. Um bloqueio de Lucão fez com que a vantagem marcasse 21/14. Lucarelli, no saque, aumentou logo na sequência. O caminho para a vitória na parcial estava definido. No erro de saque dos russos, 25/18 na melhor atuação da seleção nos Jogos até ali.
2° set - Rússia cresce, freia reação do Brasil e empata jogo
A Rússia tentou diminuir a diferença dentro de quadra na volta. Volkov, com uma pancada, fez os russos abrirem 4/1 logo de cara. Já não era tão simples. A Rússia passou a usar a mesma tática brasileira. Diante da forte defesa que o Brasil impunha até ali, os russos tentaram mudar a tática, alternando força e técnica. Àquela altura, também passaram a defender. E muito. Com o placar em 10/5, Renan parou o jogo pela segunda vez na parcial.
A seleção tentava reagir na marra. Mas, depois de um longo rali, Leal parou no bloqueio russo. Os rivais dispararam: 14/7. Àquela altura, Renan já havia mandado Alan para a quadra no lugar de Wallace. E foi com um ace do oposto que a seleção tentou começar a reagir, fazendo a diferença no placar cair para 15/10. Pouco depois, Leal, também no saque, diminuiu a desvantagem para apenas três pontos. Areação, porém, parou por ali. Mikhaylov manteve o comando dos rivais rumo ao empate: 25/21.
3° set - Brasil abre oito pontos, mas sofre virada inexplicável
Iaklovev, com uma pancada, abriu a conta no segundo set. Mas Leal e Lucão, com um ace, logo colocaram a seleção na frente. Ali, o Brasil acertou a marcação no bloqueio e voltou a ser eficiente no ataque. Com uma pancada de Leal, abriu 9/6. A seleção retomou o controle do jogo. Lucarelli voou de trás para encher a mão e abrir 13/9.
Foi a senha para o Brasil acelerar. Maurício Souza, no ace, abriu 18/12. Wallace, com uma pancada, fez a bola explodir na defesa russa para alargar ainda mais a vantagem. Mas os russos foram buscar. O placar marcava 20/12. Apesar dos oito pontos de distância no placar, chegaram a uma virada inexplicável. O Brasil ainda salvou um set point, mas caiu depois de um bloqueio rival sobre Lucarelli: 26/24.
4° set - Rússia ignora reação do Brasil e vai à final
Era preciso reagir. Diante de uma queda sofrida na parcial anterior, a seleção voltou à quadra disposta a se reerguer. Mas, do outro lado, a Rússia pouco se importou. O Brasil chegou a ensaiar uma reação ao empatar o placar em 15/15. Voltou a ficar atrás depois de erros em sequência. No ace de Pankov, os russos abriram 18/15. Mas o time buscou mais uma vez. Não queria se entregar. Ficou à frente pela primeira vez em um bom tempo depois de um ataque para fora dos rivais. Mas foi o último suspiro do time. A Rússia retomou a dianteira e carimbou a vaga na final: 25/23.
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