terça-feira, 3 de agosto de 2021

Açúcar: Clima frio e mercado morno

 


“Várias usinas afirmam ter sido abordadas pelas tradings para postergarem as entregas"
Por:  -Leonardo Gottems

As temperaturas congelantes no Centro-Sul do Brasil contrastam com o ambiente morno da movimentação de açúcar no mercado físico, de acordo com informações do especialista Arnaldo Luiz Correa. Ele é consultor, palestrante, técnico para arbitragens e professor de gestão de risco em commodities agrícolas. 


“Várias usinas afirmam ter sido abordadas pelas tradings para postergarem as entregas de açúcar para embarques em agosto enquanto outras tradings simplesmente atrasam o carregamento. Essas atitudes por parte das casas comercializadoras, validadas pelo spread outubro/março que exibe um desconto de quase 7% ao ano, destoam da percepção que o mercado tenta passar de que teremos falta de açúcar”, comenta ele, em seu perfil no LinkedIn. 


Há um evidente contraste entre o que o mercado futuro quer mostrar e o comportamento do mercado físico de açúcar. “É fato que o mercado já apreçou uma safra de cana no Centro-Sul tão baixa quanto 540 milhões de toneladas. Caso ela se desenhe para um volume menor do que esse, são grandes as chances de o mercado mudar de patamar de preço, dependendo também das outras variantes que nos orbitam, tais como o preço do petróleo no mercado internacional, o comportamento do real em relação ao dólar, a magnitude da recuperação das economias brasileira e global, para ficar apenas com algumas”, completa. 


“Contrastante também é o fato de que independentemente do tamanho da safra do Centro-Sul para este ano, existe um consenso de que a próxima safra de cana vai refletir muito mais nitidamente os problemas sofridos pela gramínea com a seca e a geada desta temporada. Em outras palavras, os preços em centavos de dólar por libra-peso no mercado futuro tanto para a safra 22/23 quanto para a 23/24, na nossa visão, não refletem o risco que o Brasil vai sofrer de produzir açúcar e etanol insuficientes para atender a demanda interna de combustíveis (claramente construtiva no pós-pandemia) e a demanda de açúcar no mercado mundial, crescendo 1.1% ao ano”, conclui.

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