Por: AGROLINK -Eliza Maliszewski
É tempo de uva Niágara. A variedade, conhecida como rústica ou comum de mesa, é norte-americana mas tem como o Brasil como seu berço sendo a principal das de mesa no país. Pertence à espécie Vitis labrusca e a variedade Niágara Branca foi introduzida em 1894, no Estado de São Paulo, disseminando-se na região, atualmente conhecida como Circuito das Frutas, que englobam municípios com grande produção dessa uva, entre os quais Indaiatuba, Jundiaí, Louveira, Vinhedo, Itupeva e Jarinu.
A história conta que em 1933, três cachos de uvas Niágara, rosados, surgiram em meio às dezenas de outros brancos pela primeira vez na fazenda Traviú, em Jundiaí (SP). Essa obra da natureza é que diferenciaria as uvas de Jundiaí de todas as outras do mundo e foi encontrada pelo viticultor Aurélio Franzini, nos vinhedos de propriedade de Antônio Carbonari. Ele teria ganho dois galhos da Niágara branca do produtor Benedito Marengo, também de Jundiaí, que teria os trazido dos Estados Unidos.
Ele plantou e, após algumas colheitas da variedade Branca, foram encontradas entre dezenas de cachos brancos, três cachos com bagas rosadas (fenômeno que do ponto de vista agronômico é resultado de uma mutação somática). O produtor vendo que era uma uva doce, resolveu cortar alguns pés de uva Isabel, enxertar os ramos da rosada, iniciando um plantio comercial. A partir daí, a produção de Niágara Branca foi substituída aceleradamente pela sua mutação rosada, o que a estabeleceu como principal uva de mesa e tornou a região o maior centro produtor.
Em São Paulo, o desenvolvimento da produção dessa uva contou com a influência da colonização italiana, com seus costumes, conhecimentos técnicos tradicionais sobre o manejo das videiras, e o trabalho em família. Associado a isso a pesquisa e a extensão rural colaboraram para o desenvolvimento da variedade em terras paulistas.
Os primeiros registros de pesquisas com a uva Niágara datam da década de 1950, no Centro Avançado de Pesquisa do Agronegócio de Frutas, unidade ligada ao IAC. Um dos principais avanços foi o desenvolvimento de porta-enxertos tropicais para aumentar a produtividade e adaptação às condições de cultivo da uva Niágara nas condições subtropicais e tropicais do estado de São Paulo. Também se destacam os diversos experimentos fitossanitários que contribuíram para o controle de pragas e doenças na viticultura.
Na última década, como maior avanço em tecnologia de produção para a uva (não apenas a Niágara), a mudança no manejo de podas, resultou na introdução do sistema de condução em Y, como substituição à tradicional espaldeira. Com isso houve aumento da produtividade e otimização da mão de obra, que tem sido escassa nos últimos tempos. Quando associado à produção em ambiente protegido (tecnologia introduzida pelo IAC), possibilita junto com o aumento da qualidade da fruta, uma redução de cerca de 70% do uso de defensivos agrícolas.
Na área de extensão rural, a grande contribuição, além do trabalho técnico de campo, são a execução de políticas públicas pelas Regionais e Casas da Agricultura da CDRS e a edição de publicações técnicas, bem como os avanços na área de produção de mudas.
Desenvolvido pelo Núcleo de Produção de Mudas (NPM) São Bento do Sapucaí, o sistema de enxertia por borbulha em minilatada é uma tecnologia pioneira em relação à muda de raiz nua (plantada direto no campo), o qual permite a produção de mudas com qualidade sanitária. Atualmente, novos experimentos estão sendo conduzidos pela unidade em parceria com o Centro de Frutas do IAC para aprimorá-lo e reduzir os custos das mudas para os produtores rurais.
Atualmente, nos Núcleos de São Bento do Sapucaí e Marília são produzidas e comercializadas cerca de 10 mil mudas de uvas anualmente, das variedades Niágara Rosada e Branca, Isabel, Isabel Precoce, Bordô e Concord, que podem ser adquiridas pelos produtores.
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