quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Thiago, de 21 anos, pesquisa as potencialidades da Guabiroba-verde

 


O acadêmico Thiago Luis Aguayo de Castro, de 21 anos, que cursa o terceiro ano de Química Industrial na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Unidade de Dourados, foi premiado com o Destaque Especial de Inovação durante V Febic (Feira Brasileira de Iniciação Científica).


Com o projeto de pesquisa intitulado “Potencialidades de uso e composição química de extratos aquosos das folhas de Campomanesia sessiliflora”, o aluno foi o único de Mato Grosso do Sul a receber um Destaque Especial na Febic, que foi realizada de 18 a 30 de outubro. O evento é um espaço para estudantes apresentarem ideias criativas e inovadores na forma de projetos científicos, além de ser um ambiente de integração e troca de experiências entre estudantes e professores.


O projeto de pesquisa apresentado por Thiago é desenvolvido por ele, com a orientação da professora Dra. Claudia Andréa Lima Cardoso, por meio da Iniciação Científica (IC).


“Estou indo agora para terceiro ano da IC e sou bolsista CNPQ. Para mim, a IC foi essencial, através dela eu aprendi coisas que normalmente não aprenderia na faculdade, tive contato com alunos da pós-graduação, participei de eventos científicos e tive a oportunidade contribuir com a construção do conhecimento científico. Além disso, a IC enriqueceu muito meu currículo e me trouxe uma vivência de laboratório e uma convivência com pesquisadores que fazem toda diferença”, destacou o acadêmico.


De acordo com a professora, a inserção dos alunos na Iniciação Científica possibilita uma formação mais completa dos estudantes. “Várias habilidades são necessárias para desenvolver um projeto de pesquisa, como buscar o conhecimento na área já descrita na literatura, formular uma pergunta e respondê-la, coletar e analisar dados, e obter conclusões adequadas ao estudo desenvolvido. Em resumo, aprende-se a aprender e também a fazer e, assim, aprende-se a tornar viáveis as hipóteses”, explicou Claudia.


Thiago estuda uma espécie que, segundo ele, ainda é pouco explorada. Conhecida como Guabiroba-verde, a Campomanesia sessiliflora é do mesmo gênero da Guavira (Campomanesia adamantium), fruto considerado como símbolo de Mato Grosso do Sul.


Nativa do Cerrado, segundo maior bioma do país, a espécie pode ser encontrada nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. As folhas da Guabiroba-verde são consumidas por meio de infusão pela população, tendo grande importância socioeconômica e cultural, além de impactar a saúde da população local.


A pesquisa aponta que o Cerrado abriga 30% da biodiversidade brasileira, com grande variedade de plantas fitoterápicas. Devido ao impacto do consumo de plantas fitoterápicas na saúde pública, o Ministério da Saúde estabeleceu, em 2006, por meio do decreto no 5.813, o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicas, que busca a melhoria da saúde, fortalecimento da agricultura familiar, uso sustentável da biodiversidade brasileira, geração de empregos e desenvolvimento tecnológico e industrial.


“As folhas dela são utilizadas popularmente para o tratamento da disenteria. Então, há essa necessidade de verificar se há toxicidade nestes preparados fitoterápicos, assim como o interesse nas propriedades desta planta, principalmente, porque outras plantas deste gênero possuem grande potencial farmacológico”, explica o acadêmico.


A pesquisa apontou que os extratos das folhas da Guabiroba-verde, além de não apresentarem sinais de toxicidade, apresentaram bons teores de metabólitos secundários, ou seja, de compostos com potencial farmacológico, atividade antioxidante e fator de proteção solar. “Apesar de serem estudos preliminares, os resultados mostram o potencial do chá desta espécie para a produção industrial”, afirmou Thiago.

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