André Francisco de Souza, 40 anos, deixou Rondônia há 9 anos para plantar café robusta em Colniza, cidade ao noroeste de Mato Grosso e que há mais de 10 anos figura como o município que mais produz café do Estado. No início começou plantando o grão em 2,5 hectares. Hoje essa área mais que dobrou e está em 8 hectares.
Junto com a participação da esposa e dos dois filhos, André Souza faz o processo completo da cadeia produtiva do café: produz as mudas, planta, colhe, seca e torra o grão. A produção sai da propriedade já embalada, com destino ao comércio local e cidades vizinhas.
Como tudo que produz é vendido e percebendo que o consumo do café tem aumentado nos últimos anos, André tem a expectativa de que nos próximos anos a produção própria aumente ainda mais.
“O consumo de café está aumentando e está aumentando bastante. A procura por café de qualidade, destinado mais para bebida só vem aumentando”, reforça o produtor de Colniza.
A fala de André Souza é reforçada pela mais recente pesquisa sobre o consumo de café no País, divulgada ano passado pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). De acordo com o levantamento, os consumidores brasileiros estão consumindo mais, com tendência de crescimento contínuo, e também mais exigentes com relação à qualidade. Com base nessas estimativas, em que o consumo do café no País e no mundo, seguirá em expansão, o Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) quer que Mato Grosso tenha maior participação no mercado cafeeiro. Para isso colocou em prática um plano de governo com o propósito de incentivar o cultivo do café e conta com a adesão de agricultores familiares, como o André Souza, produtor de café em Colniza.
Denominado MT Produtivo Café, a ação de Governo em um primeiro momento elaborou o “Diagnóstico da Cadeia Agroindustrial do Café no Estado de Mato Grosso”, material que reúne as condições de produção e o nível de tecnologia aplicado pelos componentes da cadeia do café nas etapas de produção e comercialização. Em seguida, a Seaf, em parceria com a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) e prefeituras, passou a entregar mudas de café clonal de variedades conilon e robusta, essas duas as mais produzidas no Estado.
Aos agricultores familiares participantes do programa, como os dos municípios das regiões médio-norte e centro sul, como Sinop, Tangará da Serra e Cáceres, já receberam 45 mil mudas, e de dezembro de 2020 a fevereiro de 2021 outras 160 mil serão entregues. A previsão é de que até o final de 2022 alcance o total de 3,5 milhões de mudas de café clonal disponibilizadas para os 50 municípios que integram o MT Produtivo Café.
Segundo o superintendente de Agricultura Familiar da Seaf, George Lima, o programa pretende incrementar e renovar a área de café no Estado em cerca de mil hectares até 2022 com o aproveitamento de áreas já abertas e cultivadas e utilizando mudas de clones de alta produtividade, o que resultará na inserção de aproximadamente 70 mil sacas na produção de café de Mato Grosso após a produção atingir sua estabilidade.
“Todo este trabalho irá atender 700 famílias e conta com a participação importante de técnicos da Empaer e das secretarias municipais de agricultura, que irão fornecer a assistência técnica para que as áreas de café implantadas deem resultados satisfatórios”, comenta o superintendente.
Para conseguir agregar valor à produção excedente ocasionada pela ação de governo, está previsto a implantação de duas unidades de beneficiamento de café, em parceria com organizações da agricultura familiar. Elas serão implantadas das regiões norte e noroeste, onde se concentram hoje grande parte da produção do café do Estado.
No total serão investidos R$ 5 milhões a serem destinados para capacitação e contratação de técnicos, pesquisa para validação e seleção de clones, produção de mudas, restruturação de viveiros, compra de secador e de máquina descascadora de café.
Para o secretário de Estado de Agricultura Familiar, Silvano Amaral, o programa MT Produtivo Café representa um marco para o setor cafeeiro estadual, ao de fato promover ações concretas que fortalecem o segmento.
“No Brasil são 308 mil produtores de café, sendo 78% deles integrantes da agricultura familiar. Investir nos agricultores familiares é, além de ajudar nosso País a permanecer como o maior produtor e exportador de café do mundo, dar oportunidade de avanços aos que verdadeiramente sustentam a cadeia produtiva do café”, complementa.
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