Por: AGROLINK -Eliza Maliszewski
Os incêndios no Pantanal já bateram recordes. As chamas queimaram cerca de 29% do bioma que tem um total de 150 mil km², ou 1,7% do território brasileiro. Esse patamar nunca havia sido atingido, pelo menos desde 1998. Mesmo sendo pequeno em relação à outros como Amazônia e Cerrado, conta com uma imensa biodiversidade. Com a volta das chuvas restaram poucos pontos de fogo mas agora a fase é de recuperação.
Neste dia 12 de novembro celebra-se o Dia do Pantanal. A data lembra as práticas de preservação da maior planície alagada do mundo. Foi criada em homenagem à morte do ambientalista Francisco Anselmo de Barros, o Francelmo, que, em 12 de novembro de 2005, morreu depois de atear fogo no próprio corpo durante ato público em defesa do Pantanal, realizado no calçadão da Rua Barão do Rio Branco, em Campo Grande. A data foi aprovada em 2008 pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
O Pantanal foi consagrado Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera, pelas Nações Unidas, em 2000. Já foram registradas no bioma único pelo menos 4.700 espécies, incluindo plantas e vertebrados. Desse total, 3.500 são espécies de plantas (árvores, vegetações aquáticas e terrestres), 325 peixes, 53 anfíbios, 98 répteis, 656 aves e 159 mamíferos.
Recursos para recuperar pecuária
O governo de Mato Grosso anunciou que pretende investir R$ 439,3 milhões até 31 de dezembro do próximo ano, em um plano emergencial para recuperação da pecuária após o fogo consumir mais de 20% do Pantanal no estado. Do total, R$ 170,4 milhões serão liberados ainda este ano. Os valores serão destinados prioritariamente ao financiamento de projetos que visem a recuperação da capacidade produtiva no bioma.
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) pediu aos pecuaristas que adiantem a elaboração de seus pedidos de financiamento, dado o prazo apertado para a liberação dos recursos, de 35 a 45 dias úteis. Para 2021, a Sedec pleiteia junto ao conselho deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), formado por representantes dos três Estados do Centro-Oeste mais o Distrito Federal, a criação de linhas de crédito específicas para o Pantanal.
Segundo a Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat) há um abandono da atividade no bioma. Só nos municípios de Barão de Melgaço, Cárceres e Poconé, o rebanho caiu 72,5% desde 1973. “Não que o boi sozinho vá ser bombeiro e resolver o problema. Mas ele é um dos agentes que contribui para reduzir o material que vai ser combustível para incêndios”, destaca o consultor técnico da Acrimat, Amado de Oliveira Filho.
Dos R$ 439,5 milhões previstos pelo plano de recuperação elaborado pela Sedec junto a entidades representativas do setor, R$ 300 milhões (68,3%) deverão ser destinados para para a reposição de matrizes. Além dos recursos financeiros, o plano prevê alterações na legislação ambiental para permitir a limpeza de pastagens e substituição das variedades nativas por brachiaria humídicola, aos moldes do que já ocorre no Mato Grosso do Sul.
Segundo dados do Imea, a pecuária responde por 81,7% do Valor Bruto da Produção no bioma. Diante das dificuldades intrínsecas à criação de gado no Pantanal, com despesas financeiras quase três vezes superiores ao observado para os demais pecuaristas Estado, o plano de recuperação da atividade também prevê uma parceria com o Instituto Mato-grossense da Carne (IMAC) para a criação de uma denominação de origem da carne pantaneira, considerando que ela possui um “valor agregado que precisa ser remunerado pelos mercados”.
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