sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Coronavírus volta a acelerar e Brasil se aproxima de 6 milhões de casos sob temor de 2ª onda

 Reuters


Abalada com os longos meses de uma quarentena rígida adotada para impedir a entrada da Covid-19 na casa onde mora com a avó de 88 anos, a influenciadora digital carioca Renata Alfaia decidiu sair para se encontrar pela primeira vez em muito tempo com seu parceiro, aproveitando a perda de força do coronavírus no Brasil.

Bastou um encontro presencial após oito meses de distanciamento para ser contaminada, num reflexo do novo momento da epidemia no país, em que o esgotamento da população com as medidas de prevenção e a retomada das atividades têm provocado um repique de casos e despertado temores de uma segunda onda.

“Eu já estava há muitos meses sem encontrar ninguém, isso mexeu um pouco com meu psicológico, então eu resolvi voltar a encontrar algumas pessoas, ao ar livre, com pouca gente, sempre tomando muito cuidado. Nisso eu resolvi encontrar uma pessoa que eu me relaciono há um tempo já, converso todo dia, mas não encontrava há meses. Peguei dele”, disse Alfaia, de 33 anos.

Alfaia se recuperou da doença em casa, mas ainda assim passou o vírus para a mãe e a irmã. As três estão entre os quase 6 milhões de brasileiros com casos confirmados de Covid-19, segundo dados do Ministério da Saúde.

Com 5.981.767 casos, o Brasil deve se tornar nesta sexta-feira apenas o terceiro país do mundo a superar a barreira de 6 milhões, depois de Estados Unidos e Índia. Nas maiores cidades do país, as ruas estão cada vez mais próximas da normalidade, com restaurantes e lojas cheios de pessoas muitas vezes sem máscara.


A triste marca de casos, acompanhada de quase 170 mil óbitos, é atingida no momento em que a Covid-19 volta a acelerar no país após quase três meses de queda nos números, depois de um platô muito alto atingido durante o mês de agosto.


São Paulo e Rio de Janeiro registraram nos últimos dias uma disparada nas internações hospitalares devido à Covid-19, com a taxa de ocupação de UTIs na rede municipal da capital fluminense em torno de 90% nesta semana e a secretaria estadual abrindo novos leitos para atender a demanda.


O governo estadual paulista divulgou nesta semana um aumento de 18% nas internações por Covid-19 nas redes pública e privada e interrompeu a desmobilização de leitos voltados à doença.


De acordo com o Imperial College de Londres, a taxa de contágio da Covid-19 no Brasil atingiu 1,1 nesta semana, após permanecer por diversas semanas abaixo da marca de 1. A taxa de 1,1 significa que cada 100 pessoas com o vírus contaminam outras 110, o que representa um aumento da disseminação da doença. Uma taxa abaixo de 1 representa uma desaceleração do contágio.


“Vivemos um expressivo aumento do número de atendimentos de síndrome gripal, casos confirmados e internações por Covid-19 nas últimas semanas”, afirmou o assessor especial de Atenção Primária à Saúde do Rio de Janeiro, Leonardo Graever, em documento enviado aos profissionais da área no município, em que pede um reforço das medidas para enfrentar o momento.


Questionado sobre medidas para o enfrentamento ao novo aumento de casos, o Ministério da Saúde disse que “mantém a vigilância contínua da circulação do vírus em todo território nacional e presta apoio aos Estados e municípios para o enfrentamento à Covid-19”, e citou as negociações por futuras vacinas.


“NÃO ESTAMOS PREPARADOS”


Depois de atingir um pico no início de agosto, quando chegaram a ser computados mais de 50 mil casos novos e mais de 1 mil óbitos a cada dia, a Covid-19 parecia estar sendo controlada ao cair para o patamar de 20 mil casos e 425 mortes por dia no final de outubro.

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