quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Argentina consegue US$7 bi em recursos adicionais do FMI e define banda cambial para o peso

Reuters                                 Foto:Divulgação


A Argentina assegurou nesta quarta-feira uma quantia adicional de 7 bilhões de dólares em financiamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) em um esforço para amenizar preocupações de investidores quanto à sua habilidade de pagar suas dívidas e anunciou uma banda cambial para o peso argentino.


A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, falando em uma coletiva de imprensa em Nova York ao lado do ministro da Economia da Argentina, Nicolas Dujovne, disse que o Fundo irá aumentar seu programa de empréstimos com a Argentina para um total de 57 bilhões de dólares, com “antecipação significativa” dos desembolsos até o fim do próximo ano.

Christine disse que o banco central argentino concordou, como parte do acordo, em permitir que o peso flutue livremente e a só intervir no mercado de câmbio em situações extremas.

“No caso de uma ultrapassagem extrema da taxa cambial, o banco central pode conduzir uma intervenção limitada para prevenir condições desordenadas de mercado”, disse ela, durante a coletiva.

Em uma entrevista coletiva mais tarde em Buenos Aires, o novo presidente do BC argentino, Guido Sandleris, disse que o banco estabelecerá uma banda cambial para o peso e usará apenas reservas internacionais para intervir no mercado se ele ficar fora desta banda.

Sandleris, que foi nomeado na terça-feira, quando seu antecessor renunciou inesperadamente, disse que a banda será fixada inicialmente de 34 a 44 pesos por dólar e poderá depreciar diariamente em um ritmo equivalente a 3 por cento por mês.

“Essa nova política monetária nos permitirá reduzir a inflação e recuperar a estabilidade e a previsibilidade nos preços de que a Argentina tanto precisa”, disse Sandleris.

A moeda argentina já perdeu mais de 50 por cento de seu valor até agora neste ano, e à medida que uma seca atingiu suas exportações agrícolas e levou a economia a uma recessão, elevando preocupações sobre a habilidade do governo em pagar suas dívidas em moeda estrangeira no próximo ano.

O banco central gastou quase 16 bilhões de dólares em reservas neste ano em uma tentativa fracassada de elevar o peso.

Em um esforço para amenizar temores de investidores, Christine disse que o novo acordo impulsionará o financiamento em 19 bilhões de dólares em 2019. Desembolsos para o restante deste ano cresceriam a 13,4 bilhões de dólares, ante 6 bilhões de dólares sob o acordo atual, disse ela.

Sujeito à aprovação do board do FMI, o financiamento sob o novo acordo não será mais discricionário, mas ficará imediatamente disponível para o governo, disse Christine.

Reportagem adicional de Daniel Flynn, Scott Squires, Nicolas Misculin e Gabriel Burin

Nenhum comentário: