terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Pílula para emagrecer: o que se sabe sobre remédio que pode ser alternativa às canetas do Wegovy

 

                                           Bloomberg via Getty Images via BBC

  • Wegovy se torna o primeiro comprimido do tipo a ser aprovado, levando os medicamentos para emagrecimento além das injeções

  • Testes clínicos mostram perda média de 16,6% do peso; um terço dos participantes perdeu 20% ou mais


A agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) aprovou uma versão em comprimido do remédio para emagrecimento Wegovy, segundo informou a farmacêutica Novo Nordisk.


É a primeira pílula desse tipo a receber aprovação do órgão regulador, marcando uma nova era para os medicamentos voltados à perda de peso.


A fabricante dinamarquesa do Wegovy, a Novo Nordisk, afirmou que o comprimido de uso diário é uma opção conveniente em relação à versão injetável e que deve proporcionar a mesma perda de peso obtida com a aplicação.


A aprovação ocorre após o Wegovy já ter sido autorizado pela FDA especificamente para o tratamento da obesidade. Outros medicamentos, como o Ozempic, que têm efeitos semelhantes na perda de peso, foram aprovados inicialmente para o tratamento do diabetes tipo 2.


Outras empresas também disputam esse espaço: a farmacêutica americana Eli Lilly, por exemplo, está no processo de desenvolver pílulas com mecanismos semelhantes.


No Brasil, medicamentos usados para emagrecimento à base de agonistas do GLP-1 já contam com registro da Anvisa e podem ser prescritos por médicos —mas em suas versões injetáveis. Entre eles estão Wegovy e Ozempic, ambos com semaglutida, além do Mounjaro, que contém tirzepatida.


Enquanto Wegovy tem indicação específica para obesidade, Ozempic e Mounjaro foram aprovados inicialmente para diabetes tipo 2 e são usados também com foco em perda de peso sob prescrição médica.


Essas medicações exigem receita com retenção e acompanhamento clínico, e a Anvisa reforça que produtos sem registro sanitário não podem ser comercializados ou importados legalmente no país.


A BBC entrou em contato com a FDA para comentar a aprovação da nova versão do remédio, mas não recebeu resposta até o momento.


A reportagem também questionou a Anvisa sobre a existência de pedidos de registro em análise no Brasil para pílulas orais voltadas ao tratamento da obesidade e sobre eventuais prazos para uma decisão, mas aguardava retorno até a publicação deste texto.


Segundo a Novo Nordisk, a versão em comprimido do Wegovy apresentou uma perda média de peso de 16,6% durante os testes clínicos da empresa, informou a farmacêutica nesta segunda-feira.


Cerca de um terço dos aproximadamente 1.300 participantes do mesmo estudo perdeu 20% ou mais do peso corporal, acrescentou a companhia.


A expectativa é que o comprimido seja lançado nos Estados Unidos no início de janeiro de 2026.


"Os pacientes terão um comprimido de uso diário, conveniente, que pode ajudá-los a perder tanto peso quanto a injeção original do Wegovy", afirma Mike Doustdar, diretor-executivo da empresa.


A versão em comprimido do Wegovy pode impulsionar as vendas da Novo Nordisk após um ano desafiador, no qual as ações da empresa caíram depois que a companhia alertou sobre seus lucros.



A farmacêutica vem enfrentando forte concorrência no mercado de medicamentos para emagrecimento de rivais como a Eli Lilly, fabricante do Mounjaro.


Após o anúncio, as ações da Novo Nordisk subiram quase 10% no pregão estendido em Nova York.


Kwasi AsieduOsmond ChiaFolha de São Paulo

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